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China decide abrir mercado para café e suco de laranja
Do Diário do Grande ABC
15/12/1999 | 16:11
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A China, um dos maiores e mais promissores mercados do mundo, decidiu abrir as portas para o café e suco de laranja brasileiros. Se a 3ª Conferência Ministerial da Organizaçao Mundial de Comércio (OMC) em Seattle (EUA), há menos de duas semanas, nao rendeu dividendos para ninguém, serviu pelo menos para o Brasil conseguir algumas concessoes do governo chinês.

"Pedimos a abertura para alguns produtos e fomos atendidos de forma satisfatória em dois setores", informou o embaixador Valdemar Carneiro Leao, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty. O embaixador relatou a empresários paulistas, durante o seminário "Seattle/OMC - Balanço e Perspectivas", promovido pela Fiesp na terça-feira, que o ministro Luis Felipe Lampreia manteve encontros bilaterais com o governo chinês, nos quais houve grandes avanços no acordo bilateral que os dois países devem assinar proximamente.

"O Brasil será o primeiro país em desenvolvimento a fechar um acordo comercial bilateral com a China", antecipou o embaixador. O ministro tentou também negociar a abertura do mercado chinês para o açúcar brasileiro, mas nao foi possível, já que a China exige um fornecedor de grande porte. "Os chineses chamam para si países que se transformem em grandes fornecedores, como a Austrália, por exemplo", explicou Carneiro Leao.

"É um grande passo. Agora, será necessário iniciar um forte campanha de marketing para promover nosso café", disse o presidente do Conselho dos Exportadores de Café Verde do Brasil (Cecafé), Jorge Esteve Jorge. Para o executivo da entidade, que congrega as antigas Abecafé e Febec, o potencial de mercado chinês para os vários tipos de café brasileiro (verde, torrado, moído e solúvel) é muito significativo, já que hoje é praticamente nulo.

OMC - O embaixador Carneiro Leao informou ainda que o ingresso da China à OMC é iminente, já que está próximo a fechar acordos bilaterais com a Europa e as conversaçoes com o Japao e o México se encontram bastante avançadas. Indagado sobre o impacto do ingresso da China à OMC no Brasil, por ser um dos principais concorrentes do país entre os países em desenvolvimento, Carneiro Leao foi taxativo: "É melhor ter a China dentro do que fora".

Embora a China tenha tarifas altas de importaçao para proteger seu mercado, acrescentou Carneiro Leao, "pelo menos será um gigante controlável, já que terá de submeter-se às regras da OMC". Para o embaixador, a adesao da China aos sistema multilateral de comércio abre perspectivas muito boas, também, para a soja produzida no país.

O comércio exterior chinêes (exportaçoes mais importaçoes) entre janeiro e novembro deste ano, por exemplo, chegou a US$ 323 bilhoes, mais de três vezes o volume de comércio do Brasil em 1998. Até o mês passado, o superávit comercial chinês somava US$ 26,4 bilhoes. Só em novembro, a China exportou US$ 19,5 bilhoes (crescimento de 29% em relaçao ao mesmo mês do ano passado), enquanto que as suas importaços aumentaram 37%, somando US$ 16,9 bilhoes. Isso significa que, em novembro, a corrente de comércio foi de US$ 36,4 bilhoes, ou quase 10% do total registrado entre janeiro e novembro.




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