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Árvores viram vilãs da população no Grande ABC
Ana Macchi e Raymundo de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
16/06/2002 | 19:21
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Os pedidos de corte ou poda de árvores aparecem entre as cinco maiores reclamações feitas por moradores de quatro cidades do Grande ABC, Santo André, São Bernardo, Mauá e Diadema. Na maioria das vezes, o cidadão quer retirar a árvore de frente de sua casa porque as folhas sujam a calçada e entopem as calhas. Por outro lado, para o alívio dos ambientalistas e também das aves que aqui gorjeiam, os moradores de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e São Caetano fazem mais pedidos de plantio do que de retirada.

Aliadas da população no equilíbrio da temperatura e na retenção de poluição em grandes centros urbanos, as árvores muitas vezes são tratadas como feiras livres e consideradas mais apropriadas para enfeitar a porta da casa do vizinho. Para o desespero dos ecologistas e dos pássaros, em Santo André, as solicitações de retirada ou poda lideram o ranking de pedidos no Depav (Departamento de Parques e Áreas Verdes) e também na ouvidoria municipal. Em São Bernardo, ocupam a terceira posição na lista de reclamações, e, em Mauá, o quarto lugar entre os vilões apontados pela população.

Em Santo André, as podas e retiradas de árvores representam 48% dos 1.750 casos encaminhados entre janeiro e maio à ouvidoria municipal. A cidade possui entre 50 mil e 60 mil árvores. Segundo o ouvidor público, Saul Guelman, desde que foi implantada a ouvidoria, há dois anos e meio, que as árvores aparecem como vilãs.

Em São Bernardo, os pedidos de vistoria para verificar risco de queda ou outros problemas causados por árvores estão no terceiro lugar no ranking. Entre janeiro e abril deste ano, foram 859 solicitações. A poda e o corte das plantas ocupam a quarta posição e representam 767 pedidos no mesmo período.

Em Mauá, a lista de reclamações deste ano é encabeçada pelos pedidos de limpeza de terrenos e áreas públicas (967 casos), seguida pela realização de operação cata-bagulho, verificação de suspeitas de focos de dengue e pela poda ou corte de árvores. Os pedidos de poda e retirada de árvores também aparecem entre as principais solicitações na Prefeitura de Diadema.

A história é inversa nas outras três cidades. Em Ribeirão – 100% área de manancial –, a Prefeitura recebe em média de dez pedidos de corte de árvores por mês e menos da metade são atendidos após comprovada a necessidade. Desde o início do ano, a Prefeitura distribuiu 2 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica para plantio em calçadas a pedido de moradores.

Segundo o secretário de Serviços Urbanos de Rio Grande da Serra, Luiz Carlos Ramos, no município também há mais pedidos de plantio do que de retiradas. “Como o plantio pela Prefeitura é recente, começou há seis anos, a maioria das plantas está pequena e ainda não necessita de poda.” Desde o ano passado foram distribuídas cerca de 800 mudas de árvores.

Em São Caetano, a média de árvores é de uma para cada 6,7 mil habitantes. De acordo com o engenheiro florestal da Prefeitura de São Caetano, Rogério Alvarenga, os pedidos de plantio chegam a 20 por mês.




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