Moradores e comerciantes do bairro Jardim, em Santo André, estão mobilizados para tentar impedir a transferência do plantão policial do 4º DP, na rua Catequese, para o 6º DP, na rua Adriático. Uma comissão se encarrega de conseguir cerca de 5 mil assinaturas de pessoas contrárias à medida determinada pela seccional, que alega estar seguindo critérios estratégicos de distribuição de bases policiais. O documento, segundo os comerciantes, será encaminhado à Prefeitura e à Secretaria Estadual de Segurança Pública. Com a transferência, o 4º DP funcionará apenas em horário comercial a partir da próxima semana, segundo a polícia.

"A região do 6º DP é estatisticamente mais violenta e carente da assistência da polícia. Vamos apenas redirecionar nossos trabalhos e democratizar a distribuição da segurança", disse Luiz Alberto de Souza Ferreira, delegado seccional de Santo André.

Os argumentos técnicos, no entanto, não convencem os comerciantes, que temem a volta dos assaltos à região. "Sem a delegacia, vai ser o caos. Em três anos que estou aqui, fui assaltado duas vezes, mas depois que o 4º DP passou a fazer plantão, nunca mais tive problemas", alegou o cabeleireiro Sidnei José de Oliveira.

A balconista Adriana Crispim Lopes, que trabalha há dois meses em uma lanchonete ao lado do DP, disse que está com medo do fim do plantão, já que ela costuma utilizar ônibus às 23h, em um trecho de pouco movimento do bairro. "Por enquanto, não fiquei sabendo de nenhum assalto, mas já estou com medo só em saber que a delegacia vai fechar."

O farmacêutico Jonas Andrioli afirma que foi roubado mais de 15 vezes durante os 13 anos em que está estabelecido no bairro Jardim. "O plantão policial melhorou muito a segurança no bairro, seja no que diz respeito aos assaltos a mão armada, seja com relação ao roubo e furto de veículos", garantiu.

Cansado dos roubos, Andrioli implantou um sistema de marcação dos medicamentos de sua farmácia com carimbo. "Assim, fica mais fácil identificar o local da desova dos remédios. Os ladrões podem até levar, mas serão obrigados a destruir as embalagens", explicou. "A transferência do plantão vai significar a volta da violência à região."