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Genética não é tudo na luta contra a obesidade
25/02/2008 | 07:14
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Apesar do fator genético ser a principal causa da obesidade, especialmente em seu grau mais elevado (obesidade mórbida), os hábitos saudáveis de vida, como alimentação pouco calórica e a prática de atividades físicas, são capazes de impedir a manifestação da doença.

De acordo com o cirurgião gastroenterologista Orlando Faria, membro da Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica do CFM (Conselho Federal de Medicina), mais de 200 genes condicionam a obesidade, que pode se manifestar em diferentes fases da vida, como após o parto, no caso de mulheres que ganham muito peso com a maternidade, ou na puberdade.

Segundo Faria, a importância da predisposição genética para o ganho de peso é variável entre as pessoas obesas e tende a ser mais significativa naquelas que atingem IMCs (Índices de Massa Corporal) muito altos e que têm histórico de sobrepeso desde a infância.

Para elas, a herança genética pesa mais do que os fatores comportamentais, ambientais e emocionais, que também estão envolvidos na doença, mas mesmo nesses casos é possível neutralizá-la adotando uma vida saudável desde cedo.

A obesidade tem um componente genético importante, mas ele vai se manifestar mais ou menos dependendo do ambiente em que a pessoa vive. “Se ele for escasso em alimentos, mesmo que a pessoa tenha a predisposição para ganhar peso, ela (predisposição) não vai se manifestar. Mas se a mesma pessoa for colocada em um ambiente com excesso de oferta de alimentos muito calóricos, sempre à mão, bastando abrir a porta de uma geladeira, e não tiver de fazer muita atividade física para viver, certamente ela vai ganhar muito peso”, afirma.

Para o médico, a condição genética favorável à obesidade, que pode ser observada, por exemplo, em pessoas de famílias com vários obesos, não significa uma predestinação à doença e sim, um estímulo ainda maior para usar alimentos nutritivos e balanceados, além de evitar a vida sedentária. Como exemplo, Faria cita o caso das mulheres negras norte-americanas, um dos grupos com maior incidência de obesidade do mundo. Segundo ele, embora suas ancestrais tivessem a carga genética ligada à doença, não apresentavam o problema na África há centenas de anos, já que o ambiente de escassez e de esforço para obtenção do alimento não permitia. Nos Estados Unidos, no entanto, os traços genéticos foram somados a um ambiente favorável ao ganho de peso com excessos calóricos e o conforto da vida moderna.

O médico explica que a facilidade para ganhar peso é um mecanismo de defesa do organismo para se defender da escassez de alimentos, já que sua única forma de armazenar energia é por meio do acúmulo de gordura. Isso explicaria o fracasso das dietas passageiras, onde há muita restrição de alimentos.

“O organismo entende, quando está comendo menos, que ele está num ambiente hostil e, então, passa a armazenar mais ainda qualquer tipo de energia. Depois que termina a dieta, a volta do peso é rápida, tanto mais quanto mais rápida foi a perda do peso”, alerta Faria.

 




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