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Amyr Klink: Diário de bordo
Do Diário do Grande ABC
21/01/1999 | 17:00
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Faltam apenas 1500 milhas para Amyr Klink ancorar na Península Antártica, mais precisamente na Baia Dorian, sua velha conhecida de outros invernos, para um merecido descanso. Seu desafio ainda nao estará concluído, mas faltará pouco, bem pouco. Dependendo dos ventos, em 20 dias o navegador solitário terá fechado o círculo Antártico nos 50 graus.

Na Baia Dorian uma surpresa o espera: a visita de amigos com presentes de Natal. Depois de dois meses apenas na companhia de icebergs, pinguins e afins, navegando sem parar numa tremenda pauleira, nada melhor do que o encontro com amigos. Já tendo calculado a época em que Amyr deveria ancorar na Península, Júlio, Stickel e Caio, decidiram se aventurar em terras antárticas. Fecharam um pacote turístico no Kotic II, um veleiro de 60 pés (20 metros) de propriedade do Oleg e da Sophie, que realiza charters por aquelas paragens.

Marina, a esposa de Amyr, preparou um kit para o maridao contendo, cartas, uma fita gravada com a voz das gêmeas, Tamara e Laura, presentinhos e uma revista masculina - "para ele nao esquecer como sao as mulheres". Caso o encontro com os amigos nao aconteça devido a um cronograma enxuto do Kotic, eles deixarao pistas com bilhetes para Amyr encontrar os presentes numa base baleeira abandonada.

Até seu último contato, anteontem, Amyr estava na latitude 56o 50'Sul e Longitude 125 Oeste, no Oceano Pacífico, numa vasta faixa oceânica sem absolutamente nada por perto. O mar estava mais tranqüilo, se é que pode-se considerar tranqüilidade naquela regiao, mas o frio voltou a castigar. "Até a Crest congelou", disse, referindo-se a pasta de dentes. Isso me fez lembrar de uma palestra, na qual Amyr lembrou de um episódio durante a Invernagem Polar, em 91. Ele tinha passado algum tempo fora do barco e quando retornou tudo estava congelado. Um tanto mal humorado, deparou com uma camisa no chao do Parati. Nao teve dúvida, descarregou todo seu mal humor dando um chute na manga da camisa, que literalmente quebrou.

Apesar da temperatura girar em torno de 7 graus negativos, os fortes ventos resultam numa sensaçao térmica de 20 graus negativos. Mesmo assim, Amyr nao tem ligado o aquecedor. "Choveu muito nos últimos dias, mas nao tem vento. Por isso, a velocidade diminuiu. As ondas nao estao grandes, mas estao desencontradas. Quanto ao aquecimento, já no início da viagem, depois de uma experiência desagradável, desliguei o aquecedor de vez. É que com as ondas grandes, o aquecedor dispersava um gás perigoso dentro do barco e eu nao passava muito bem. Por isso, decidi desligá-lo até chegar na Península Antártica. Esse foi um bom teste para minha roupa TPS que está segurando bem o frio. Espero que ela aguente até o fim".




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