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Centros para autistas da região realizaram 8.000 atendimentos

Inaugurados no fim do ano passado, os TEAcolhe de Santo André e S.Bernardo, pioneiros na região, oferecem tratamento especializado

Tatiane Pamboukian
24/03/2025 | 08:13
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FOTO: Denis Maciel/DGABC

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No fim do ano passado, o Grande ABC recebeu dois importantes equipamentos públicos especializados no atendimento de crianças e adultos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) - em novembro São Bernardo inaugurou o primeiro e em dezembro foi a vez do TEAcolhe Santo André. Juntos, eles já realizaram cerca de oito mil atendimentos. 

O TEAcolhe de Santo André, que integra o escopo de ações oferecidas pelo CER (Centro Especializado em Reabilitação) IV da cidade, realizou, de acordo com a Secretaria de Saúde do Município, desde sua abertura, mais de dois mil atendimentos com equipe multiprofissional de psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas, médicos, educadores físicos e nutricionistas. 

No TEAcolhe São Bernardo já foram realizados 5.906 atendimentos, sendo 5.116 consultas com médicos e especialistas e 790 sessões de terapias, segundo informações da Secretaria de Saúde do município. 

Dayane Andrade Iha, 33 anos, dedica-se a cuidar de seus três filhos diagnosticados com autismo. Ela, que durante os tratamentos das crianças descobriu que está dentro do espectro autista, também é atendida no TEAcolhe. “Antes tínhamos a opção de fazer tratamento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e no CER, mas não é a mesma coisa. Eles não são voltados somente para autistas e não tem toda infraestrutura adequada para crianças. Aqui meus filhos veem tudo colorido e se sentem em casa, aguça o sensorial deles. Eu amo o TEAcolhe, aqui me sinto segura”, avalia. 

Dayane conta que no ano passado, de tanta sobrecarga e estresse, teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico. “Acabei até renunciando ao meu trabalho, como inspetora concursada, em uma escola estadual. No TEA (TEAcolhe) criei vínculos e me sinto acolhida. É maravilhoso o respaldo e acolhimento que eles dão para a mãe. Eu falo que moro aqui e visito minha casa, porque estou mais aqui do que lá”, disse a mãe atípica.

Seus filhos estão cada um em um nível de suporte. Mateus Andrade Iha, de 10 anos, está no nível 1 do espectro autista, o que demanda menos suporte. Porém, já esteve no nível 3 e foi se desenvolvendo com os acompanhamentos. Já Azaf Andrade Iha, 5, está no nível 2 e a caçula Yasmim, de 4 anos, no 3, necessitando mais suporte. “O Mateus tem interação social limitada e tinha dificuldades motoras para atividades básicas do dia a dia como abrir uma garrafa ou vestir a roupa. Ele derramava comida, mas com o tempo foi melhorando. A Yasmim, por exemplo, é não-verbal e não fazia contato visual nenhum. Agora ela interage minimamente”, diz a mãe.


ATENDIMENTO 

A psicopedagoga do TEAcolhe São Bernardo, Lilian Paula Galhardo, diz que o equipamento tem uma equipe capaz de atender todas as necessidades dos pacientes e de suas famílias. “O diferencial do TEAcolhe é esse acolhimento e participação da família para atender como um todo, e é isso que me encanta aqui. Eu gosto que a mãe acompanhe o atendimento para desmistificar sobre o que é feito na sessão, para ela aprender e saber lidar com a criança e também para modelar algumas reações da mãe a certos comportamentos da criança”, afirma.

Algumas sessões são individuais e outras em conjunto. “Trabalhamos com grupos e oficinas, e cada um avalia sua área. O fisioterapeuta coloca uma dança para avaliar a coordenação, pede, por exemplo, para pisar e levantar os braços. Já a fonoaudióloga coloca uma música para estimular o desenvolvimento da fala. O nutricionista vai trabalhar as questões alimentares, fazendo desenhos e contando histórias para, de forma lúdica, descobrir o que a criança gosta de comer e apresentar os alimentos a ela”, explica Lilian. 

O TEAcolhe não é porta aberta nem faz agendamento na unidade. É necessário procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde), onde farão o encaminhamento.




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