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‘Mona Lisa’ menos misteriosa
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
27/09/2006 | 21:02
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Nem alter ego feminino de Leonardo da Vinci, nem depositário de segredos cristãos em código, nem ambigüidade. O misterioso sorriso da Mona Lisa é um sinal de maternidade. Ela teria posado para o pintor italiano há mais de 500 anos após dar à luz ou quando estava por fazê-lo.

O vestido está coberto por um fino véu de gaze, um tipo de manto usado no início do século XVI na Itália por mães de recém-nascidos ou mulheres grávidas. A descoberta, anunciada anteontem em Ottawa, no Canadá, só foi possível com uso de raios laser e infravermelho, tecnologia desenvolvida pelo Conselho Nacional de Pesquisa (NRC, em inglês) canadense, pois a obra-prima mais conhecida sempre foi considerada escura e difícil de examinar.

Já se sabia que a jovem era Lisa Gherardini, mulher do mercador florentino Francesco de Giocondo, com quem teve cinco filhos. O sorriso outrora meio ambíguo indicaria o nascimento de seu segundo filho, e o retrato seria uma homenagem ao recém-nascido.

“Podemos dizer que esta pintura foi feita para comemorar o nascimento do segundo filho da Mona Lisa, o que nos ajuda a datá-la mais precisamente em torno de 1503”, disse Bruno Mottin, do Centro dos Museus Franceses para Pesquisa e Restauração.

Outra informação também foi dada à luz: os cabelos longos não estão totalmente soltos, mas em um tipo de coque ou boina, do qual saem mechas. Significa que a Gioconda não deixou os cabelos caírem livres sobre os ombros, costume de meninas e mulheres sem virtudes durante o Renascimento, segundo Mottin.

O exame detalhado das camadas de tinta na obra começou em 2004. A obra foi escaneada em ambos lados.

A durabilidade da pintura também foi comentada, pois existe uma rachadura de 12 centímetros na metade superior, provavelmente devido à remoção da moldura original, reparada entre a metade do século XVIII e início do século XIX. Nas condições de armazenamento atuais, não haveria risco de degradação.

O retrato continuará exposto no Museu do Louvre, em Paris, mas não ficou sem mistério. Portanto, não chame os cientistas de desmancha-prazeres, porque Da Vinci virou o jogo no segundo tempo.

O sfumato, técnica que o pintor usava para criar o efeito brumoso entre um tom e outro, permanece único, sem detalhamento. O máximo que a tecnologia captou foi uma pintura extremamente fina e homogênea. Mesmo assim, há distinção perfeita de detalhes entre os tons nos cabelos que o NRC não conseguiu explicar. O último sorriso ainda é de Da Vinci.




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