Política Titulo Charge - 27 de dezembro
A questão tarifária
Seri
27/12/2024 | 08:25
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Ilustração: Seri/DGABC

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Os reajustes nas tarifas de trens, Metrô e ônibus municipais em São Paulo são a oportunidade de revisitar a discussão sobre a implantação da tarifa zero no sistema de mobilidade urbana. O tema, que ganhou espaço durante a pré-campanha eleitoral no Grande ABC, perdeu força após a contagem dos votos, mas segue sendo uma pauta relevante para a região e seus munícipes. A experiência de São Caetano, que implementou a gratuidade nos ônibus municipais em novembro de 2023, demonstra que a medida não é apenas viável, mas também transformadora, contribuindo para a inclusão social e a redução da desigualdade.Contudo, como o próprio ditado popular adverte, não existe almoço grátis.

O desafio reside em achar modelos sustentáveis de financiamento. Experiências internacionais enriquecem a discussão. Na França, cidades como Dunquerque e Calais aboliram tarifas utilizando fontes alternativas de financiamento. Uma delas é a Taxa de Mobilidade, imposto direcionado a empresas com mais de 11 empregados, que destina recursos diretamente ao sistema de transportes. Esse modelo, que substitui as despesas do vale-transporte para o empresário, permite que os custos sejam redistribuídos de forma equitativa, envolvendo o setor produtivo na promoção do bem público essencial. Outro exemplo é Tallinn, capital na Estônia, que usa subsídios governamentais para bancar a gratuidade.

Para o Grande ABC, explorar soluções similares pode ser o caminho para transformar o transporte em instrumento de cidadania. Uma combinação de iniciativas, como a criação de impostos setoriais e a oferta de subsídios governamentais, pode proporcionar recursos necessários para implementar a gratuidade. O exemplo de São Caetano, que conseguiu absorver os custos sem prejuízos à prestação dos serviços, é prova de que a medida é factível. Cabe aos gestores e à população retomar o debate com seriedade, buscando soluções que transcendam interesses imediatistas e privilegiem o bem-estar coletivo. Mobilidade urbana não é privilégio, mas um direito efetivo para todos.




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