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Ferramentas contra a crise estão no governo
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
19/02/2009 | 07:00
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Embora a crise financeira internacional possua um efeito potencializado no Grande ABC por conta da cadeia dependente do setor automobilístico, para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, a região não se configura como uma exceção.

"O desemprego não é apenas um problema do Grande ABC. Preocupa todo o País. A situação da cadeia automotiva não é diferente da situação da cadeia das máquinas e equipamentos, da do plástico e borracha, e não é diferente em vários setores que já foram atingidos pela crise. Por exemplo, se houver dificuldade na venda de aviões e houver uma queda na Embraer em São José dos Campos, certamente afetará as empresas de porte pequeno e médio. As empresas dependem do mercado. Enquanto houver pedidos, elas funcionam". disse durante visita ao Senai de São Bernardo para inauguração de um núcleo de tecnologia e um teatro.

"Temos de pensar que toda alternativa que se possa dar ao desemprego é uma alternativa para a empresa. Preservar a empresa é preservar o emprego. Se afundar o barco, afundam todos. Por isso, é preciso fortalecê-la", prosseguiu.

Em sua opinião, o governo federal tem de agir e precisa ser arrojado. É ele quem possui as ferramentas para amenizar os reflexos da turbulência. Na maior parte dos países, segundo ele, é mais fácil encontrar juros negativos do que positivos e elevados. "A situação é atípica no Brasil com essa crise. As taxas de juros são altas, a carga tributária é elevada e o prazo para pagamento de impostos é curto".

SELIC - "A Selic a 12,75% é uma loucura. A reunião do Copom continua ocorrendo a cada 45 dias. Na crise que estamos vivendo, as reuniões deveriam ocorrer a cada 15 dias". Para Skaf, existe uma necessidade rápida de redução da taxa básica de juros para pelo menos 8% ao ano.

"São 5% menos de pagamento de juros sob uma dívida de R$ 1,5 trilhão. Isso significa que o governo deixaria de pagar R$ 75 bilhões de juros por ano. Esse dinheiro poderia ir para fomento, para infra-estrutura. Tudo seria melhor do que pagar juros".

Outro ponto citado foi a compra de títulos do tesouro pelos bancos, cujo rendimento de 12,75% e inflação de 4% os estimulam a não darem mais crédito.

SPREAD - O spread (diferença da taxa que os bancos pagam para tomar o dinheiro e o emprestá-lo) é outro absurdo, de acordo com o presidente da Fiesp. Apesar de as instituições bancárias alegarem que um cadastro positivo, uma redução de compulsório à vista - o brasileiro é um dos mais altos do mundo - e uma diminuição nos impostos sobre movimentações financeiras, como IOF, PIS e Cofins, facilitariam uma redução das taxas cobradas, Skaf alega que o problema está na diferença dos spreads cobrados. "O Banco do Brasil normalmente cobra um spread 10 pontos percentuais acima do da Caixa Econômica Federal. Os dois são do governo e a CEF trabalha com lucro, não dá para entender".

CRÉDITO - O presidente da Fiesp mencionou o fato de muitas grandes empresas que tomavam empréstimo em bancos do Exterior deixaram de fazê-lo porque secaram as linhas, e passaram a recorrer a bancos nacionais. "Há muitos bancos com liquidez que não liberam crédito porque ficam preocupados. Se na época em que o Brasil estava crescendo bem, até o mês de setembro, muitas pequenas empresas já sentiam dificuldades, imagine agora. Por isso, é preciso adotar mecanismos, como o fundo de aval".

Segundo Skaf, na Nossa Caixa, a partir de março, será criada uma agência de fomento que vai repassar recursos do BNDES às micro e pequenas empresas.

TRABALHO - O presidente da Fiesp disse que solicitou ao Ministério do Trabalho o pagamento de um complemento ao salário de trabalhadores que tiveram sua renda reduzida por conta da diminuição da jornada de trabalho, acordada com os sindicatos. "Além disso, oferecemos cursos gratuitos no Senai para quem fizer acordo com empresas".




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