Último colocado na pesquisa Diário/Ibope à sucessão em Santo André, Ricardo Alvarez (Psol) afirmou ontem, durante sabatina promovida pela Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), que prefere "perder a eleição a ter o rabo preso". O prefeiturável se referia ao fato de não aceitar financiamento privado na campanha e não negociar apoio em troca de favores.

Na opinião de Alvarez, a junção dos dois fatores torna a candidatura dele diferenciada. "Não precisaremos oferecer a vitória para ninguém no caso de sermos eleito. Existem princípios e posições políticas que são inegociáveis. Não faremos negociações as quais podem render recursos agora para, depois, termos de dar o troco se ganharmos", explicou.

O socialista acredita ser possível sair vitorioso em uma eleição, mesmo disputando-a por "partido pequeno, com campanha simples, apoiada na militância e nas propostas de governo". "Uma derrota eleitoral pode não ser uma derrota política, e uma vitória eleitoral pode não ser necessariamente uma vitória política. Se não vencermos agora, vamos nos preparar para as próximas."

O posicionamento do Psol, segundo Alvarez, faz com que a sigla tenha mais recursos para aplicar em eventual governo. "O nosso orçamento não estará comprometido com nada. Por isso teremos a chance de investi-lo onde acharmos necessário", defendeu Alvarez, para quem "não é fácil ser coerente" na política. "Ter coerência é não abrir mão de princípios em nome de disputa eleitoral. Ou mesmo ter programa de governo e apostar nele, mesmo que sofra revés eleitoral."

Alvarez citou que o plano de governo do Psol está baseado no tripé inversão de prioridade, transparência na gestão e participação popular. Defendeu a divulgação detalhada de dados sobre receitas e despesas da Prefeitura e a participação popular. "Não tememos compartilhar a administração, até porque não há gestão moderna sem participação do povo. Democratizaremos a gestão pública porque achamos que o prefeito não é o salvador da pátria, e sim parte da gestão."

Sobre a inversão de prioridades, o prefeiturável destacou que Santo André precisa repensar a maneira de fazer política. "Para o Psol, política eficiente não é a política cartão-postal, de grandes obras. Precisamos de obras menores em grande quantidade e investimentos em ações de qualidade. E promover a dispersão de serviços públicos e equipamentos."

Além de defender política integrada entre poder público e universidades, a exemplo do que ocorre entre a Prefeitura de Campinas e a Unicamp, Alvarez afirmou ser favorável à uma mudança na legislação federal para permitir que a população possa rever mandatos de governantes, inclusive de parlamentares, e tenha poder de tira-los do poder quando houver descontentamento geral.