Prefeita se queixa da misoginia travestida de críticas políticas praticadas por opositores ao governo, em especial, de pré-candidato ao Executivo
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A prefeita de Rio Grande da Serra, Penha Fumagalli (PSD), tem observado ataques misóginos contra ela com a proximidade das eleições. Ela argumenta que as falas machistas estão travestidas de críticas políticas. A chefe do Executivo rio-grandense diz entender que críticas à gestão integram o jogo político, no entanto, declara que o “nível fica baixo demais” quando parte para o lado pessoal.
Penha é frequentemente agredida verbalmente por opositores do governo com declarações sexistas, como a de ela “está abrindo as pernas” com excesso na cidade. “Os ataques de pessoas que deveriam buscar recursos, emendas para a cidade e benefícios pra a cidade têm se tornado constantes. Estão me diminuindo por ser mulher. Até minha família estão colocando no meio”, discorre a prefeita.
Recentemente o vereador Marcelo Akira, o Akira do Povo (Podemos), pré-candidato ao Paço de Rio Grande na eleição de outubro afirmou, da tribuna da Câmara, que Penha Fumagalli estaria “abrindo as pernas da cidade para qualquer empresário com dinheiro”. A fala com teor misógino não foi repudiada por nenhum dos 13 vereadores, entre eles os da base do governo.
Penha diz ser “dolorosa” a situação pela qual tem passado. “Preciso trabalhar duas vezes mais para mostrar que, além de mulher, mãe e avó, posso sim estar à frente da gestão da cidade e ter competência para tal missão”, rebate.
Outra declaração, de acordo com Penha, também na Câmara de Rio Grande da Serra, demonstra que o machismo ainda é presente na cidade. Elias Policial (Podemos) ao fazer críticas ao governo sugeriu assassinar a secretária de Administração, Alexandra Aguiar, por supostos atrasos em licitações. “Dependendo do grau de incompetência só restaria o fuzilamento”. Para Penha, se fosse um homem no comando da Prefeitura, a postura dos parlamentares seria outra.
“O nível de ataques desceu muito. Sei que parte da sociedade é machista. Em 60 de história da cidade, sou a segunda mulher à frente da gestão (a primeira foi Irinéia José Midolli, que comandou o Executivo de 1973 a 1977). A grande maioria da classe política não aceita. Ataque político à prefeita, ao governo, por deixar a desejar ou por estar errando, é uma coisa, mas ataques pessoais não serão admitidos”, diz Penha.
Akira do Povo rebate Penha. “Mais um vitimismo. Se não posso cobrar a prefeita, como prefeita, não tem como cobrar outra pessoa. Respeito a prefeita como mulher, mas minhas críticas políticas não vão cessar”, declara. Elias Policial não foi localizado para comentar o caso.
Penha Fumagalli assumiu a Prefeitura de Rio Grande da Serra em 1º de julho de 2022 após o então prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB), do qual era vice, ter o mandado cassado pelo Legislativo.
O tucano perdeu o mandato após receber duas acusações: por patrocinar o fura-fila da vacina contra a Covid-19 e também por não responder aos requerimentos formulados pelos vereadores.
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