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Vítimas de Hospital da Mulher pedem abertura de CPI na Câmara
Natasha Werneck
13/11/2024 | 18:50
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FOTO: Denis Maciel/DGABC

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Várias mulheres ocuparam a galeria da Câmara de São Bernardo durante a sessão desta quarta-feira (13) para cobrar providências sobre denúncias de negligência no Hospital da Mulher. Elas seguravam cartazes com fotos de supostas vítimas do equipamento. O grupo que foi à Câmara reuniu, em uma semana, cerca de 80 casos de negligência e violência obstétrica registrados no hospital. Cartazes exibiam histórias de mães que perderam seus filhos ou passaram por situações traumáticas durante o atendimento na unidade.

 Valéria Cristina, 35 anos, fez um relato emocionado sobre a morte de seu filho, Lian, após atendimento “desumanizado”. O grupo pediu a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os casos de negligência e violência obstétrica na unidade de Saúde.

Valéria revelou que fez o parto de Lian no dia 20 de junho deste ano, mas o bebê precisou ser internado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 12 dias depois e foi transferido para o Hospital de Urgência e Emergência em estado grave. No dia 12 de julho, Lian morreu, e Valéria acredita que a negligência durante seu atendimento no Hospital da Mulher foi determinante para a morte do filho. 

Durante seu relato, Valéria descreveu uma série de práticas inadequadas e agressões verbais por paarte de médicos e profissionais de Saúde, incluindo a pressão para que fosse submetida a um parto normal. “A experiência foi um verdadeiro pesadelo”, disse.

A pedido das mulheres presentes na sessão, os vereadores se comprometeram a colher mais informações sobre os casos e, na quarta-feira, votarão requerimento solicitando ao Hospital da Mulher detalhes sobre os atendimentos e as circunstâncias dos casos relatados. Conforme a resposta da unidade de Saúde, o vereador Ivan Silva (PRTB), líder de governo na Casa, informou que poderá ser aberta uma CPI para investigar as denúncias.

RESPOSTA

A Prefeitura, por meio de nota divulgada pela Secretaria da Saúde, lamentou “profundamente” os casos registrados no Hospital da Mulher e se solidarizou com as famílias afetadas. “O compromisso do hospital, como instituição dedicada ao atendimento materno-infantil, é sempre oferecer o suporte e a assistência necessários”, disse.

Alex Manente propõe audiência para debater denúncias de negligência

Motivados pelas recentes denúncias de violência obstétrica e negligência no Hospital da Mulher de São Bernardo, os deputados federais Alex Manente e Carmen Zanotto (SC), ambos do Cidadania, protocolaram resqueiramente para a realização de audiência pública a fim de debater, na Comissão de Saúde da Câmara, as condições de atendimento às gestantes e puérperas no complexo.

Serão convidados a participar da audiência pública: Raíssa Falosi e Eliza Cristina Grana Batista, ambas vítimas de violência obstétrica no Hospital da Mulher; Geraldo Reple Sobrinho, secretário de Saúde de São Bernardo; Valéria Eunice Mori Machado, advogada e criadora do método de autodefesa jurídica para gestantes, além de representante do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) e representante do Ministério da Saúde.

Segundo as denúncias, várias gestantes e puérperas têm sido submetidas a condições inadequadas de atendimento, incluindo descaso em momentos de vulnerabilidade e necessidade de cuidados especializados. Mencionam ainda o sofrimento físico e psicológico das pacientes, comprometendo a saúde e o bem-estar das mães e dos recém-nascidos e, inclusive, um caso de morte materna, ocorrido ontem. 

“As denúncias de negligência e violência contra gestantes e puérperas no Hospital da Mulher são gravíssimas e foram amplamente reportadas por veículos da imprensa, gerando comoção social e preocupação com a integridade e o bem-estar de mulheres e bebês atendidos na referida unidade de Saúde. Há relatos de práticas que, se confirmadas, configurariam violação dos direitos humanos e das diretrizes de atendimento humanizado”, argumenta Alex.

REQUERIMENTO

O deputado enviou ontem Requerimento de Informação à ministra da Saúde, Nísia Trindade, solicitando informações sobre as denúncias no Hospital da Mulher. No documento, Alex também cobrou o resultado da sindicância instaurada em abril deste ano pelo secretário de Saúde do município.

Dentre os questionamentos, Alex quer saber qual a responsabilidade e quais são as medidas que devem ser tomadas por parte do Ministério da Saúde e das secretarias estadual e municipal da área quando são identificadas fragilidades graves em protocolos assistenciais nas unidades de saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) e qual é o protocolo do ministério para fiscalização e supervisão dos hospitais que atendem gestantes e puérperas, especialmente no caso do Hospital da Mulher. “A resposta do Ministério da Saúde sobre as providências em andamento e medidas preventivas é fundamental para assegurar que o atendimento obstétrico seja realizado dentro dos padrões de qualidade e respeito aos direitos das pacientes”, disse o parlamentar. 




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