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Saúde de S. Caetano não paga bônus a médicos que bateram metas

Gestão Auricchio obrigou profissionais a reduzir tempo de consulta em 25% e aumentar quantidade de pacientes, mas não pagou extra

Wilson Guardia
11/11/2024 | 20:01
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Esposito foi empossado por Auricchio no fim do mês de maio (FOTO: Celso Luiz/DGABC)


No apagar das luzes de seu mandato, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSD), está em guerra com parte da classe médica da cidade. Após indicar um advogado para o comando da Secretaria de Saúde, a gestão implementou um programa para reduzir em 25% o tempo de consultas, obrigando os profissionais a atender mais pacientes. Em contrapartida, como forma de “compensá-los”, um programa de metas foi criado com uma bonificação financeira para quem conseguisse cumpri-las. No entanto, o secretário Guilherme Crepaldi Esposito afirmou que a premiação em dinheiro não foi paga.  

“(Houve) Falha administrativa e a Secretaria de Saúde assume a culpa pela operacionali-zação”, disse Esposito, durante audiência pública da LOA (Lei Orçamentária Anual) na Câmara, na última sexta-feira.

De forma escalonada, o plano de metas começou a valer em agosto. Porém, segundo médicos ouvidos pelo Diário, até a manhã de ontem os bônus sobre os salários, entre 8% e 15%, não haviam sido pagos. “Até o dia 14 (a situação será resolvida) por meio de folha suplementar”. garantiu Esposito, ao comentar sobre o “calote” no pagamento dos médicos.

O assunto entrou na pauta da LOA após a secretária da Fazenda, Stefânia Wludarski, ser questionada pela vereadora Bruna Biondi (Psol) sobre se existia falta de planejamento ou recursos financeiros para pagamento dos bônus. Stefânia negou que o motivo seria falta de dinheiro, condicionou o calote a um problema de ordem administrativa e abriu espaço para o titular da Saúde detalhar o motivo do atraso.

Esposito, além de assumir a responsabilidade pela falha em sua secretaria, tentou fazer um mea culpa ao dizer que foram poucos os médicos que atingiram as metas – o que, em linhas gerais, demonstraria que o impacto não seria de grande monta. O secretário afirmou ainda que, após reportagem do Diário, no fim de agosto, revelar o descontentamento dos médicos com o plano de metas, que reduziu o tempo de consulta de 20 para 15 minutos, reunião para tratar da circular entre os profissionais e o comando da Pasta não ocorreu. “Nunca mais me procuraram”, disse. Por isso, as novas regras ficaram vigentes.

Porém, um médico da rede municipal, sob condição de anonimato, revelou que o encontro não ocorreu justamente devido à saída de muitos profissionais. “Muita pressão para reduzir filas, mas em Medicina não dá para fazer de qualquer jeito. É preciso cuidado e atenção. Eles (a Prefeitura) querem produtividade e não qualidade. Por isso, muitos colegas pediram para sair”, disse.

DEMISSÕES

Outro ponto destacado para que o encontro não ocorresse, segundo os médicos, foi o fato de ao menos dez profissionais que integravam a comissão de negociação com a Saúde se desligaram da rede.

Não há um número oficial sobre quantos médicos deixaram de receber o extra decorrente das metas batidas, mas a estimativa é de que esse número supere os 30 profissionais.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de São Caetano não se manifestou até o fechamento desta edição.




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