O vereador tem 10 dias apresentar à Câmara uma defesa contra acusação de apontar arma para o jornalista Artur Rodrigues
A decisão da Câmara de São Bernardo, aprovada na semana passada, de criar uma comissão processante contra o vereador Paulo Chuchu (PL) por conta de suposta intimidação ao jornalista Artur Rodrigues revelou um racha interno no Partido Liberal. O secretário da Comissão Executiva Provisória da sigla na cidade, David Monteiro de Mello, emitiu uma nota de repúdio a “qualquer forma de ameaça e intimidação” e lamentou a posição dos parlamentares da sigla de não voltarem a favor da abertura do processo.
“Esta secretaria do Partido Liberal de São Bernardo repudia e condena toda e qualquer forma de ameaça e intimidação ao repórter Artur Rodrigues pelo Sr. vereador Paulo Eduardo Lopes (Paulo Chuchu). Lamentamos a posição dos vereadores que não votaram a favor do recebimento da denúncia do processo administrativo”, declarou. Os vereadores que votaram contra o processo administrativo foram Dr. Eliezer Mendes e Lucas Ferreira, além do próprio Paulo Chuchu.
Em entrevista ao Diário, Mello reforçou sua posição. “Acho lamentável. A maioria votou a favor porque é contra a violência e qualquer tipo de intimidação, principalmente contra repórter. Minha posição, como secretário do PL, é de repúdio, pois não concordo com a atitude de Paulo Eduardo, nem com a posição dos vereadores, que não aceitaram a denúncia. Pergunto se estão sendo coagidos ou se votaram porque concordam com a atitude dele. É inadmissível portar arma em plenário, gabinete ou qualquer outro local público.”
O vereador Paulo Chuchu foi procurado pela reportagem e alega que foi surpreendido com a nota do próprio partido sem que ele, presidente do diretório municipal, tenha sido comunicado. “Estou afastado esses dias e não fiquei sabendo. Nada disso ocorreu (a ameaça). Recebo com surpresa algo que não tenha passado por mim no PL, sendo que sou o presidente”, afirmou.
Segundo o liberal, a relação com o partido “fica do mesmo jeito”. “Não fica estremecida, (pois) minha relação é com o PL nacional e estadual”, ressaltou.
APURAÇÃO
A abertura da comissão processante foi aprovada na última quarta-feira – com 19 votos favoráveis e seis contrários – para investigar acusações de abuso de autoridade, ameaça e violação do decoro parlamentar. O vereador é acusado de intimidar o jornalista Artur Rodrigues, “batendo na arma que portava na cintura”, em uma sessão em agosto deste ano. Chuchu nega a acusação.
A comissão é presidida por Netinho Rodrigues (Podemos), com relatoria de Estevão Camolesi (Cidadania) e a participação de Ana do Carmo (PT).
Em entrevista ao Diário, Netinho destacou a importância de um processo justo e transparente. “A comissão se reuniu hoje para dar início aos trabalhos e determinar que o vereador Paulo Chuchu tem dez dias para apresentar suas provas por escrito. O vereador poderá também indicar testemunhas e apresentar sua defesa, e o processo seguirá conforme as evidências”, disse, frisando o papel imparcial da comissão em apurar os fatos.
O relator, Estevão Camolesi (Cidadania), também se manifestou sobre o início dos trabalhos. “Nós nos reunimos hoje e fizemos a intimação (do vereador). Estamos seguindo o trâmite legal conforme orientado pelos advogados da Câmara. Se necessário, Paulo Chuchu poderá ser chamado pessoalmente, assim como poderá indicar testemunhas para depoimento. Meu papel é ouvi-lo e comparar suas declarações com as evidências”, explicou.
A comissão processante continuará suas atividades com reuniões periódicas para deliberar sobre os próximos passos. Dependendo da evolução dos depoimentos e da apresentação de provas, o caso poderá culminar na votação, pelo plenário, da cassação do mandato de Paulo Chuchu.
O secretário da Comissão Executiva Provisória do PL, David Monteiro de Mello, finalizou informando que novos desdobramentos podem surgir nos próximos dias e que comunicará à imprensa assim que mais informações estiverem disponíveis.
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