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Medicina garante longevidade cada vez maior
Andrea Catão Maziero
Do Diário do Grande ABC
03/08/2002 | 18:11
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O demógrafo Odeibler Santo Guidugli, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, alerta para uma constatação estatística ligada à longevidade. “Os índices de envelhecimento são maiores dentro da própria população idosa, porque é cada vez maior o número de idosos com 70, 80 e 90 anos.” A probabilidade de que pessoas possam chegar próximo ao limite biológico de vida – 120 anos – aumenta a cada década.

No entanto, a longevidade, pelo menos no Brasil, não anda de mãos dadas com a qualidade de vida. “Pouco se investe em medicina preventiva, e existe, ainda, a carência de profissionais na saúde pública que atendam em postos e hospitais, sendo que estes freqüentemente são substituídos. Isso faz toda a diferença, porque o paciente não é assistido pelo mesmo médico toda vez que retorna para uma consulta. É no acompanhamento do paciente que o médico o orienta”, disse o geriatra Clineu de Mello Almada Filho, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Mesmo assim, o médico reconhece que devido aos avanços da medicina a pessoa que chega aos 60 anos hoje tem a mesma chance de viver até os 80 ou 90 anos. As probabilidades de uma pessoa nesta idade morrer de doenças do coração ou de câncer – as duas principais causas de morte, respectivamente – diminuem a cada ano.

Almada Filho disse que uma pessoa com hipertensão arterial – mal que atinge metade da população com mais de 60 anos – pode envelhecer com qualidade se controlá-la. E aquele que não a controla tem o risco aumentado em três vezes de sofrer um derrame cerebral e cinco vezes mais chance de enfarto. “Estudos feitos no Brasil demonstram que apenas 20% da população hipertensa faz o controle da doença”, afirmou o geriatra.

E o não-controle é o que vai encarecer as contas públicas. “Uma pessoa que sofreu derrame cerebral ou que tem demência (mal de Alzheimer, por exemplo) custa mais caro do que aquela que convive com a doença controlada, porque essas complicações deixam a pessoa dependente. E a medicina preventiva é a que vai detectar precocemente a doença e fazer seu controle para não ter de arcar com custos mais altos depois.”

Para o médico, as campanhas de conscientização das administrações públicas são tímidas. “A longevidade depende só 25% da carga genética de cada um. Os outros 75% estão ligados ao estilo de vida, a fatores modificáveis, como alimentação e passar do sedentarismo à prática física regular.”

Uma das formas de as Prefeituras da região tentarem conscientizar a população idosa sobre a necessidade de manter um estilo de vida saudável é por meio de palestras. No entanto, estas atividades atingem os idosos que se reúnem em centros de convivência, e que não representam nem 10% do total da população com mais de 60 anos. Além disso, “palestra não resolve problema, só reforça uma idéia”, acredita o geriatra.

Programas de prevenção em postos de saúde também são insuficientes. O problema se agrava porque as redes públicas municipais não contam com médicos especializados no atendimento ao idoso. O padrão é manter nesses postos um clínico-geral, um ginecologista e um pediatra. E, dificilmente, um geriatra.




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