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Homens ocupam a maioria dos cargos de liderança em empresas

Mulheres têm mais acesso a mercado de trabalho, mas são menos admitidas em postos de alto comando nas companhias brasileiras

Da Redação
27/10/2024 | 08:38
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FOTO: Freepick

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Homens brancos, com alto grau de escolaridade, sem deficiência, com 45 anos ou mais e trabalhando há uma média de sete anos na mesma empresa. Este é o perfil da maioria dos ocupantes de cargos de alta liderança nas principais empresas brasileiras, segundo o Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas, desenvolvido pelo Instituto Ethos.

O estudo mostra que há um longo caminho pela frente para quem não se enquadra neste estereótipo.

Um ambiente de trabalho com inclusão de gênero étnico-racial, pessoas LGBTQI-AP+ e pessoas com deficiência, especialmente em cargos de alta liderança, pode fomentar a inovação de diversas maneiras dentro das empresas, como demonstra o especialista em gestão empresarial e CEO da LGK Gestão & Governança, associada à Fundação Dom Cabral, Ricardo Langanke.

“Funcionários de diferentes origens trazem perspectivas únicas e variadas, enriquecendo o processo criativo e a solução de problemas. Eles também tendem a tomar decisões mais acertadas, já que equipes com vozes diversas analisam problemas de maneira mais abrangente e conseguem reduzir riscos”, afirma o especialista.

A pesquisa mostra, ainda, que quando se trata das diferenças de gênero, o conselho administrativo das empresas entrevistadas é ocupado em 81,4% por homens e apenas 18,6% por mulheres. Um aspecto interessante da pesquisa é que as mulheres são maioria apenas em cargos inferiores na hierarquia corporativa (72,5% de mulheres trainees contra 27,5% de homens; 54,5% de estagiárias contra 45,5% de estagiários e 57,4% de mulheres aprendizes contra 42,6% de homens).

Ainda assim, as mulheres são o público-alvo da maioria das ações, práticas e políticas de diversidade e inclusão das empresas. Entre as organizações entrevistadas, 78,2% indicaram adotar políticas ou ações afirmativas voltadas para a promoção da igualdade de gênero. Outro dado interessante é que 51,6% das empresas desenvolvem alguma ação ou política com metas para ampliar a representação feminina em cargos de liderança.

No caso de minorias raciais, a diferença é ainda mais discrepante. Os conselhos de administração das empresas entrevistadas são formados em 93,8% por brancos; 5,9% por pessoas negras; 0,2% por pessoas amarelas e, também, 0,2% por pessoas indígenas. Ainda que grande parte da população brasileira seja constituída por pessoas negras ou pardas (55,5%, segundo o IBGE de 2022), a pesquisa constatou uma sub-representação das pessoas negras em diferentes níveis hierárquicos das empresas. Elas são o terceiro grupo priorizado nas ações – 64,2% dos programas de inclusão e contratação são dedicados a pessoas pretas e pardas –, porém, ainda não ocupam tantos espaços de tomada de decisão nas empresas em comparação à maioria branca. 

Especialista diz que, além de selecionar, é preciso treinar

Ricardo Langanke, especialista em gestão empresarial, diz que as ações afirmativas na contratação de funcionários são um passo crucial para criar um ambiente mais inclusivo. “No entanto, é importante enxergar essas ações como parte de uma estratégia mais ampla e contínua”, aponta.

O especialista explica que o suporte constante ao funcionário é fundamental – como programas de integração e coaching para garantir que estes indivíduos se sintam valorizados e tenham espaço para crescimento. Ele cita, ainda, outras medidas. 

“É essencial que a empresa desenvolva uma cultura organizacional que celebre a diversidade e promova a inclusão em todos os níveis, com a participação ativa da liderança e políticas que incentivem um ambiente respeitoso. Ela também deve monitorar e avaliar regularmente as políticas e práticas de diversidade e inclusão para garantir que as ações afirmativas sejam efetivas e contribuam para um ambiente colaborativo”, afirma. 




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