Setecidades Titulo Saúde em risco
Cerca de 30% dos adultos da região sofrem com obesidade

Em avaliação amostral com 131.413 moradores das sete cidades, 38.695 indivíduos apresentaram a condição, que traz riscos para a saúde

Renan Soares
14/10/2024 | 21:28
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC, 2021

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Cerca de 30% da população adulta do Grande ABC convive com a obesidade, entre os graus 1, 2 e 3 da condição, segundo dados do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), do Ministério da Saúde, relativos ao ano de 2023. Em avaliação amostral com 131.413 moradores das sete cidades da região, 38.695 indivíduos apresentaram a doença crônica (29,44%). 

Além disso, outros 37.757 entrevistados pelo sistema vivem em situação de sobrepeso – o que eleva a 58,17% o número dos que têm problemas com a balança e, consequentemente, estão expostos a riscos de saúde. Especialistas alertam para os perigos de ambas as condições e a necessidade de tratamento – e destacam iniciativas disponíveis na região. 

A obesidade e o sobrepeso são condições caracterizadas pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. A diferença entre elas está na gravidade do excesso de peso. O sobrepeso é configurado quando o peso corporal está acima daquele que é considerado saudável para uma determinada altura, sendo um estado inicial de ganho de peso. Já a obesidade é uma forma mais grave, definida pelo IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30. Ambas as condições aumentam o risco de doenças.

O cirurgião bariátrico Tiago Szego, do Instituto Cigo, especializado no tratamento da obesidade, conta que os problemas do excesso de peso não estão relacionados à estética. “Estamos falando de uma doença crônica que traz problemas nas articulações, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, problemas renais, hepáticos e diversos tipos de câncer”, ressalta o médico.

Diante da situação epidêmica da obesidade no mundo, Szego afirma que é preciso olhar urgentemente para o problema e tratá-lo de forma eficaz.

O tratamento da obesidade começa geralmente com a tentativa de dietas – o que muitas pessoas fazem sem acompanhamento profissional – e atividade física. No entanto, quando a obesidade atinge níveis altos e se agrava, os pacientes precisam passar por tratamento com remédios. Não obtendo resultados, a pessoa pode buscar alternativas como a cirurgia bariátrica. “É preciso reforçar que a bariátrica não deve ser a última opção e também não é o caminho mais fácil. Os resultados são muito eficazes e rápidos, mas exigem total adesão do paciente”, alerta Szego.

Ele reforça que a redução da obesidade interfere positivamente na economia e melhoria da qualidade de vida da população. “Isso possibilita menos atendimentos no sistema público de saúde, menores índices de afastamento do trabalho e mais longevidade para a população”, alerta o cirurgião, que possui uma equipe multidisciplinar no Instituto Cigo para acompanhamento dos pacientes antes e após intervenções bariátricas.

MEDIDAS

O cirurgião bariátrico Paulo Regina, da RR Médicos Cirurgiões, também coordena o serviço municipal de cirurgias bariátricas em São Caetano e cita que a cidade conseguiu eliminar filas de espera para o procedimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em tratamento que envolve também multidisciplinar. 

“O paciente que chega até as unidades básicas de saúde com um quadro de obesidade é admitido ao programa para tratar a doença com endocrinologista, nutricionista, psicólogo e cardiologista. Após esse acompanhamento, é marcada a cirurgia bariátrica”, afirma o médico. 

Anna Paula Montagnani, 39 anos, que trabalha na área de sáude, foi a pioneira a passar por cirurgia bariátrica por videolaparoscopia dentro do programa de tratamento da obesidade em São Caetano, no ano de 2018. Com um peso inicial de 168 kg, ela conseguiu eliminar 73 kg no total. 

De acordo com Anna, o suporte psicológico no período pré-operatório foi fundamental para o seu processo de recuperação. “Após a cirurgia a gente perde muito peso e a nossa relação com a comida muda. Sem um preparo psicológico, fica muito difícil continuar”, relata. 

Já a fotógrafa Cibele Zanardi, 44, também de São Caetano, teve sua vida transformada ao tratar a obesidade. Perdeu 40 kg e pôde realizar um sonho que antes a preocupava: cuidar do seu filho pequeno e vê-lo crescer. “Eu tentava brincar com ele, mas não tinha condições físicas para cuidar do meu filho. Hoje, brinco com ele, vou ao escorregador, corro atrás dele, tenho outra saúde”, diz Cibele. 

Menos de 1% dos brasileiros teve acesso à cirurgia em 2023

Um levantamento da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) revelou que, em 2023, apenas 0,97% dos brasileiros com obesidade nos graus 1, 2 e 3 tiveram acesso ao tratamento cirúrgico recomendado. A pesquisa foi divulgada em virtude do Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, celebrado em 11 de outubro, e comparou o número de brasileiros diagnosticados com obesidade grave com o total de cirurgias realizadas no País, considerando procedimentos feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), planos de saúde e de maneira particular.

Conforme os dados, foram realizadas 80.441 cirurgias bariátricas ao longo de 2023. Desse total, 7.570 ocorreram no SUS, segundo informações do Datasus, enquanto 3.830 foram realizadas de forma particular. Os planos de saúde, por sua vez, responderam por 69.041 cirurgias, conforme dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Em comparação com o ano anterior, o número de procedimentos realizados pela ANS teve um aumento de 3,8%, já que em 2022 foram feitas 65.256 cirurgias.

REGIÃO

Em Santo André e São Caetano, mais de 10 mil procedimentos foram realizados desde o ano 2000 pela RR Médicos Cirurgiões, primeira equipe a realizar cirurgia bariátrica na região. Fundada em 1986, com unidades em Santo André, São Bernardo e São Caetano, a empresa inaugurou uma nova unidade em São Caetano. “Todas as pessoas que sofrem com a obesidade merecem ter acesso a um tratamento de qualidade, e estamos reforçando o nosso compromisso de levar mais saúde e qualidade de vida para todos”, afirma Marçal Rossi, cirurgião bariátrico e fundador da RR Médicos.




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