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A alienação do patrimônio público em São Bernardo atingiu um novo patamar de surrealismo, conforme mostra reportagem publicada nesta edição do Diário. Depois de leiloar boa parte dos imóveis municipais, a gestão municipal decidiu agora vender... as ruas! Não bastasse a comercialização de terrenos emblemáticos, o prefeito Orlando Morando (PSDB) parece ter resolvido que até o asfalto por onde passam automóveis e pessoas é negociável. Se continuar nesse ritmo, logo o cidadão estará pagando pedágio para atravessar a calçada em frente de casa. É um espetáculo grotesco, que transforma a cidade num verdadeiro mercado a céu aberto, onde tudo tem preço – até mesmo o espaço por onde se transita.
Pior que a medida, absurda por si, é a total falta de transparência. Enquanto os cidadãos tentavam entender o que estava acontecendo, o plano já estava em curso, aprovado nos bastidores, sem diálogo algum com a população. A consulta pública, convocada num espaço minúsculo do diário oficial da cidade, que ninguém lê, denuncia a tentativa de manter o assunto longe da opinião pública. A administração parece agir como se a cidade fosse propriedade particular, onde os interesses da comunidade são ignorados em favor de negócios. E os moradores? Esses ficam com a sensação de que, no ritmo em que as coisas estão, até o ar que respiram pode acabar no balcão de negócios da Prefeitura.
Mencione-se, por fim, a complacência vergonhosa da Câmara. Os vereadores, que deveriam representar os interesses do povo, mostraram-se meros coadjuvantes neste teatro do absurdo. Com aprovação automática, chancelaram tal insanidade sem pestanejar. Onde está a fiscalização? Onde estão as vozes dissonantes que deveriam proteger a cidade das garras de uma gestão tão descomprometida com o bem público? A resposta é desoladora: em silêncio, compactuando com a desvalorização do que é de todos. Assim, assiste-se, com perplexidade, à venda de São Bernardo pedaço por pedaço, rua por rua, enquanto o governo e seus aliados no Legislativo fingem que está tudo dentro da normalidade. Absurdo!
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