Setecidades Titulo Após 12 anos fechado
Espaço do Observatório de Diadema segue abandonado

Local no Inamar continua sem intervenções após promessa do Paço de memorial e creche

Renan Soares
08/09/2024 | 08:15
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FOTO: Celso Luiz/DGABC


Após demolição em janeiro, depois de quase 12 anos fechado, o local do antigo Observatório Astronômico de Diadema, no Jardim Inamar, segue com acúmulo de lixo e moradores em situação de rua. Conforme mostrou o Diário em abril, um documento da Prefeitura, comandada por José de Filippi Júnior (PT), projetava a construção de um memorial no mesmo terreno onde funcionou o equipamento de pesquisa, que ficaria ao lado de uma creche, também prometida pelo Paço. Sem o começo das intervenções, o projeto segue como “em ação preparatória” no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal.

Na proposta divulgada, a Prefeitura analisava a criação de uma cúpula que remeteria à estrutura original, com materiais como metal e vidro, e a construção de um pequeno auditório para acomodar os espectadores das atividades a serem ofertadas pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), também em cores e elementos arquitetônicos assemelhados aos do edifício demolido. O novo espaço teria tamanho reduzido e ficaria localizado próximo à entrada da nova unidade escolar, que tem estimativa de 100 alunos.

O professor Milton Barros esteve no espaço desde o começo das atividades, na década de 1990, exercendo inclusive a função de diretor do local. Ele diz que, naquela época, não havia muitas oportunidades como hoje em dia, já que existiam poucas faculdades e cursos profissionalizantes disponíveis. “A maioria dos alunos na época concluía o colegial e logo ingressava no mercado de trabalho, sem grandes perspectivas de ir para a universidade. Era raro ver alunos de escola pública indo para a universidade. O Observatório, após construído, começou a agregar esses alunos”, diz o docente.

“Tivemos frutos extraordinários com essa prática. Os meninos iam lá, não sabiam o que era, viam como algo de cientista, distante, mas ao entrar e fazer parte dos estudos científicos, mesmo sem serem professores ou estarem na universidade, percebiam que aquilo também pertencia a eles. O Observatório se tornou um grande celeiro de formação de professores na região”, afirma Barros, que lamenta a demolição. 

Para ele, Diadema perdeu uma oportunidade importante ao não manter a formação de professores na área de ciências, mesmo sendo uma fonte desses profissionais em um contexto de escassez. 

O OBSERVATÓRIO

O espaço foi criado em 1992 para observação e estudos de planetas e estrelas. O antigo Observatório estava localizado na Avenida Antonio Sylvio Cunha Bueno, 1322, e funcionava junto a um centro cultural, que teve suas atividades remanejadas. Sendo gerido pela Saad (Sociedade de Astronomia e Astrofísica de Diadema), também era mantido, com entraves, por convênio com a Prefeitura, antes de seu fechamento em 2012. 

Em nota divulgada neste ano, a Prefeitura de Diadema confirmou que estava dialogando com o Conselho do Patrimônio Histórico sobre a construção do memorial, e que a administração estava fazendo rondas constantes no local, além da promessa de reforçar as equipes para limpeza e conservação do espaço. 

Desta vez, com questionamentos semelhantes feito pelo Diário, o Paço se limitou a dizer que construção de uma nova creche no Jardim Inamar está garantida com recursos do PAC, mas não apontou prazo nem ações em relação à deterioração do local. Em banco de dados disponibilizado pela União, consta a construção de uma Creche/Escola de Educação Infantil no município, mas não é especificado o endereço. O dado, relativo a abril de 2024, coloca a situação da obra como “em ação preparatória”.

A Casa Civil já se pronunciou sobre a situação em algumas oportunidades. Quando a intervenção consta como “em ação preparatória”, não significa dizer que ainda não foi iniciada, apenas “que está em andamento toda parte de formalização, legislação, retomada e outras ações que estão em curso, mas que não caracterizam a obra em execução”, e complementa que, “a mesma informação vale para as que estão em leilão/licitação, que é uma das possíveis etapas até o início da obra”.




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