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Atila Jacomussi é réu em processo da ‘Prato Feito’

Deputado estadual responde por corrupção passiva, fraude a licitação, organização criminosa e caixa 2 eleitoral

Evaldo Novelini
11/08/2024 | 07:48
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC

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O deputado estadual Atila Jacomussi (União Brasil), que possui domicílio em Mauá, é réu em ação penal eleitoral que corre no Fórum de Perdizes, na Capital. O parlamentar responde pelos crimes de corrupção passiva, fraude à licitação, chefiar organização criminosa e caixa 2. Somadas, as penas podem chegar a 33 anos de cadeia. As apurações remontam a 2016, no âmbito da Operação Prato Feito da Polícia Federal. Ele se diz inocente.

Atila é um dos 10 réus do processo, a cuja cópia a reportagem do <CF52>Diário</CF> teve acesso. Também foram indiciados os ex-secretários da Prefeitura de Mauá Fernando Daniel Coppola (Educação) e João Eduardo Gaspar (Governo), além dos empresários Carlos Zeli Carvalho, Emerson Carvalho e Welington Fernandes Alves, ligados à Revemtex Indústria e Comércio Ltda.

Na acusação feita pelo Ministério Público, consta que, em 2016, quando era deputado estadual, Atila e seus assessores legislativos, João Gaspar e Samara Gomes Balera, cobraram “vultosos valores” dos empresários para financiar a campanha do parlamentar à Prefeitura de Mauá.

Em julho do ano seguinte, com Atila já eleito e no cargo de prefeito, o chefe do Executivo e os seus dois secretários “teriam se associado” ao trio de empresários para fraudar, superfaturando os preços, o pregão de número 24/2017 aberto para comprar 48 mil kits escolares, do qual saiu vencedora a empresa Revemtex, “cujo sócio majoritário é irmão de Carlos Zeli de Carvalho”.

“Em contrapartida, Atila, Fernando Daniel e João Eduardo teriam recebido vantagens ilícitas correspondentes a percentual do valor contratado, superfaturado, entre o município de Mauá e referida empresa”, diz no despacho o juiz da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, Paulo Eduardo de Almeida Sorci, que intima os réus a se pronunciarem em dez dias.

Segundo denúncia oferecida pelo MPF (Ministério Público Federal), em janeiro de 2019, o contrato com a Revemtex elevou os gastos da Prefeitura em R$ 4.876.800 quando comparados os preços praticados no mercado com os da empresa vencedora.

“A aquisição dos 48 mil kits de uniforme escolar foi claramente excessiva, uma vez que, à época, o município de Mauá contava com apenas 18 mil alunos matriculados e cada um deles recebia apenas um desses conjuntos por período letivo”, denunciaram os procuradores Elizabeth Mitiko Kobayashi, Maria Luísa R.L. Carvalho e Ageu Florêncio da Cunha.

Candidato a prefeito, o deputado estadual Atila Jacomussi disse ter “certeza” de que a Justiça vai arquivar as denúncias feitas pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Prato Feito– “assim como já fez na Trato Feito”. “Está tudo tranquilo”. Segundo o parlamentar, as escutas telefônicas que embasaram o inquérito foram feitas “sem autorização judicial” e, por isso, “não têm validade legal”.

Atila, que garantiu ainda não ter sido citado pela Justiça para apresentar sua defesa, negou ter cometido qualquer ato de corrupção. “Vou me defender e provar que não teve nada disso, assim como provei que não tinha dinheiro na panela nem desviei verba da mereda de crianças. Foi a maiorfake news da história”, declarou o deputado, lembrando das acusações feitas na Trato Feito, das quais se livrou.

Projeto de voltar ao Executivo de Mauá pode ser abortado por conta rejeitada

A candidatura do deputado estadual Atila Jacomussi à Prefeitura de Mauá na eleição de outubro pelo União Brasil deve ser questionada assim que for registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A chapa encabeçada pelo parlamentar está sujeita à impugnação porque seu titular teve os quatro balancetes de gastos de sua primeira gestão à frente do Paço, de 2017 a 2020, reprovadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) e pela Câmara.

Na quinta-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) negou recurso com o qual o ex-prefeito tentava reverter a primeira das quatro condenações administrativas, sob alegação de que não havia tido oportunidade de se defender. “Não se verifica qualquer ilegalidade, vício, violação ao devido processo legal, ao contraditório ou à ampla defesa”, sentenciou o ministro Dias Toffoli, relator do processo.

Atila garantiu que vai obter aval do TSE à sua candidatura. “Assim como consegui a de deputado, com a qual me elegi.” Ele tem até quinta-feira para fazer o registro.




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