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Filme sobre Lula derrapa e até enjoa
19/11/2009 | 07:00
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Foi uma sessão concorridíssima na Sala Villa-Lobos, do Teatro Nacional de Brasília. Enfim, tudo foi contornado e a sessão de "Lula, o Filho do Brasil" pôde começar.

Uma sessão histórica pelas dimensões e repercussões políticas. Além de políticos na plateia, como Ricardo Berzoini e Inácio Arruda, uma presença especial: a da primeira-dama, dona Marisa. Nunca um Festival de Brasília começou tão quente. Estranhamente, no final das duas horas e oito minutos do filme não houve a apoteose esperada.

Certo, foi bem aplaudido, mas não aconteceu a consagração que alguns já previam. E por quê? Má vontade oposicionista? Não parece. Na grande maioria, a plateia era composta por simpatizantes do personagem-título. No entanto, alguma coisa derrapa no decorrer do filme, que até começa muito bem com as cenas do sertão de Caetés (PE), onde Lula nasceu em 1945.

Boas imagens, falta de preocupação explicativa, o andamento bom. Mas o filme vai derrapando, contudo sem nunca chegar ao desastre, é bom que se diga. Acontece que a vida do biografado é já um melodrama. Tome esses elementos: infância pobre, vinda para Santos num pau de arara. Pai alcoólatra, brigas, violência familiar, bebedeiras. A mãe que resolve abandonar o marido e criar sozinha os filhos.

Depois, o namoro, o casamento com a primeira mulher, que morre em parto, o engajamento na luta sindical e a mãe, sua referência maior, que morre quando Lula está na prisão. Ufa! E tudo isso aconteceu de verdade. A vida de Lula é um roteiro pronto. O que o filme não deveria ter feito era somar melodrama a mais melodrama.

Quer dizer, insistir numa linguagem cinematográfica às vezes muito melosa, pontuada por alguns maus diálogos e, sobretudo, pelo excesso de música. Muito doce enjoa.

Não que o filme não tenha bons momentos. Tem vários. Os do começo, como se disse. Mas também quando Lula, vivido por Rui Ricardo Diaz, cresce no movimento sindical e comanda sua assembleia no estádio de Vila Euclides. Aí temos cinema e, por isso, emoção genuína.

A figura central talvez não seja Lula, mas sim dona Lindu, magnificamente interpretada por Glória Pires. Ela é como um eixo, ao qual o filme volta quando ameaça derrapar. O filme era anunciado como sendo sobre a trajetória de Lula da infância a 1980. Não se furta, porém, de mostrar o ápice da trajetória do personagem ao tomar posse da presidência da República, em 2003. Um ponto que provavelmente será atacado pela oposição.

Entre a soma de bons e maus momentos, o que se tem é um filme irregular e que pode ter algum problema em arrebatar grandes plateias. Depois dessa primeira exibição pública, Lula, o Filho do Brasil, terá nova pré-estreia no Recife e, depois, em São Bernardo. Dia 1º de janeiro entra em cartaz. Aí o veredicto será do público que é quem vota e vai ao cinema prestigiar aquilo que lhe interessa.




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