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CPI da Transbraçal decide barrar Dall'Anese
Alexssander Soares
Da Redaçao 
29/05/1999 | 19:27
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A tropa de choque governista da CPI (Comissao Parlamentar de Inquérito) da Transbraçal na Câmara de Sao Caetano resolveu barrar o pedido de convocaçao do ex-prefeito Antonio Dall'Anese (1993-1996) para prestar esclarecimentos sobre as supostas irregularidades nos contratos de prestaçao de serviços entre a empreiteira e a Prefeitura. A CPI, dominada pelos vereadores que dao sustentaçao ao prefeito Luiz Tortorello, foi instaurada justamente para apurar as denúncias relativas aos últimos meses do governo Dall'Anese.  

As irregularidades estariam no superfaturamento do contrato de varriçao de rua, na locaçao de veículos que nunca estiveram à disposiçao da Prefeitura e na cobrança de valores acima dos de mercado pelo fornecimento de mao-de-obra de apoio à administraçao.  

Para o presidente da CPI, Amaury Laselva (PFL), ainda nao há elementos que justifiquem a convocaçao do ex-prefeito. "Ninguém mencionou o Dall'Anese. Hoje, eu nao vejo elementos para convocá-lo. Se houver posteriormente, poderemos estudar."  

A posiçao de Laselva contradiz os argumentos que ele mesmo usa, quando se trata de preservar o atual prefeito, Luiz Tortorello, das investigaçoes. "O trabalho da CPI vai se restringir à administraçao Dall'Anese", costuma afirmar Laselva, durante as sessoes da comissao.  

Para o autor do requerimento de convocaçao do ex-prefeito, Hamilton Lacerda (PT), o pedido foi barrado porque os governistas têm medo de que Dall'Anese acabe responsabilizando Tortorello pelos contratos com a Transbraçal. "Eles nao querem chamá-lo para nao dar a ele a chance de comprometer o Tortorello na CPI. Neste caso, o atual prefeito teria de depor, mesmo que para se defender." 

Perícia - O presidente da CPI também desistiu de pedir exame grafotécnico para investigar a autenticidade de um documento fornecido pela Transbraçal. O documento corrige a lista de veículos locados à Prefeitura nos últimos meses de 1996.  

A desistência foi justificada pelo fato de Arcídio Demarque, ex-diretor do Desem (Departamento de Serviços Municipais) no período das supostas irregularidades, ter entregue uma carta de próprio punho à CPI relatando ter-se lembrado do documento e reconhecendo sua assinatura.  

Laselva tinha decidido solicitar um exame técnico para verificar a autenticidade do documento após o ex-diretor ter declarado, em depoimento à CPI, que nao recebeu, em 23 de dezembro de 1996, a carta corrigindo a lista de veículos locados. "Nao assinei o documento", disse Demarque à CPI, respondendo à perguntas de Lacerda.  

"O Arcídio relembrando que assinou o documento desmontou o pedido da CPI. Ele está se colocando como responsável, e nao tenho nenhuma dúvida sobre a autenticidade do documento, já que a assinatura na sua carta é semelhante à da lista retificadora."  

O Diário teve acesso a dois papéis assinados por Demarque. Um era lista retificadora da Transbraçal; outro era um documento interno da Prefeitura. As duas assinaturas eram diferentes.  

Lacerda afirmou que irá solicitar o pedido de autenticidade ao Ministério Público. "Eu desafio o Demarque a vir pessoalmente à CPI e fazer a mesma assinatura da lista retificadora."




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