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Polícia investiga cobrança para inscritos no Bolsa Aluguel
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
20/05/2009 | 07:43
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A polícia de Mauá analisa novas denúncias sobre o suposto golpe imobiliário que seria aplicado dentro da secretaria de Habitação da cidade durante a gestão do ex-prefeito Leonel Damo. Além de cobrar R$ 550 para o cadastro de vítimas em programa habitacional que não saiu do papel, o ex-secretário Altivo Ovando Júnior, ex-gestor da pasta, é acusado por beneficiados do programa Bolsa Aluguel de forçar a participação deles no suposto esquema para garantir ingresso no programa municipal que concede auxílio a famílias que estejam em áreas de intervenção (leia reportagem abaixo).

O pagamento começou a ser proposto em 2007 pela secretaria de Habitação e pela Cooperativa Habitacional Central de São Paulo, empresa que também é investigada no inquérito policial. A promessa era de que as casas seriam entregues no segundo semestre do ano passado. Alguns participantes chegaram a fazer 19 pagamentos de cerca de R$ 40, para continuar a receber o auxílio. "Tenho todos os comprovantes de pagamento para a cooperativa e até hoje não consegui mudar para uma unidade habitacional", lamenta a faxineira Maria de Lourdes Pereira, 38 anos.

Márcia Barbosa da Silva, outra vítima, afirma que a orientação dada por assistentes sociais da secretaria era que, sem o ingresso no projeto, não haveria o repasse dos aluguéis. "Disseram para fazer qualquer coisa, até distribuir papel na rua, porque a construtora tinha de ser paga" explica.

Márcia pagou três parcelas e desistiu no ato da assinatura, quando percebeu que a empresa cadastrada como construtora, não apresentava o CNPJ no documento. "Cheguei a procurar o Procon, mas eles não me deram retorno."

Antes de fechar o acordo, algumas vítimas procuraram a empresa, sem sucesso. "Quando fomos fechar o negócio, disseram que a construtora ficava em São Paulo e nos passaram um telefone, mas não conseguimos achar ninguém lá. Quando procuramos a Secretaria de Habitação, deram um novo endereço em Mauá, mas lá uma funcionária da secretaria respondia pela cooperativa", declara Márcia.

A reportagem do Diário esteve ontem no lugar apontado como sede da cooperativa, mas encontrou uma escola no endereço. A pessoa responsável pelo colégio não tinha informações sobre o novo destino da empresa, mas entregou um cartão com os contatos de um funcionário da cooperativa, identificado como Marcelo.

Por telefone, ele informou que as obras já teriam sido retomadas em dois canteiros, um no Jardim Conil e outro no Jardim Kennedy.

Outras duas novas empresas foram citadas por vítimas no inquérito policial: Sextante Comércio Consultoria e Cobansa. Segundo os investigadores, a empresa Sextante não foi encontrada nos cadastros da Receita Federal, o que aponta que ela seria apenas uma empresa "fantasma".

Histórico - Altivo é investigado junto com outras empresas por possível crime de estelionato. Vítimas apontam o ex-secretário como suposto coordenador de golpe imobiliário que teria lesado mais de 500 pessoas. O ex-gestor da Habitação participaria de reuniões sindicais e anunciaria a venda de apartamentos dentro da secretaria.

Algumas vítimas atestam que o ex-prefeito Leonel Damo chegou a acompanhar Altivo em algumas reuniões.

Procurados ontem, Altivo e Damo não retornaram as ligações do Diário até o fechamento desta edição. (Colaborou Kelly Zucatelli)




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