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Sob pressão da Câmara, Reple sai de férias em São Bernardo

Vereadores querem convocar secretário de Saúde na sessão de amanhã para que ele explique casos de erros e negligência no Hospital da Mulher

Artur Rodrigues
Evaldo Novelini
23/04/2024 | 08:40
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FOTO: Reprodução/Facebook


Secretário de Saúde de São Bernardo, Geraldo Reple Sobrinho entra hoje em férias de 15 dias. Até 7 de maio, o cargo será ocupado interinamente pelo adjunto Edson Massamori Nakazone. O período de descanso foi concedido pelo prefeito Orlando Morando (PSDB) em meio à crise no Hospital da Mulher, alvo de inúmeras denúncias de erro, negligência e violência obstétrica, e começa um dia antes da sessão da Câmara em que os vereadores devem votar a convocação de Reple para dar explicações sobre os episódios.

A concessão de férias ao secretário da Saúde em meio às denúncias de mau atendimento no Hospital da Mulher, onde dois bebês e duas gestantes teriam sido vítimas fatais de falhas da equipe, casos divulgados com exclusividade pelo Diário, está sendo entendida nos bastidores como estratégia de Morando para evitar a exposição do auxiliar, no que seria caso inédito de convocação de representante do primeiro escalão em sete anos e quatro meses de governo.

Apesar da estratégia do prefeito, os vereadores de São Bernardo devem analisar na sessão de amanhã o requerimento que pede a convocação de Reple, embora haja forte pressão vinda do Paço. De acordo com informações disponibilizadas no portal do Legislativo, o documento foi assinado por todos os parlamentares. Para ser apreciado pelo plenário, o documento tem que ser votado sob regime de urgência e precisa do endosso da maioria dos 28 vereadores – 15 – para ser aprovado.

Caso o requerimento seja aprovado, os vereadores devem aguardar o retorno de Geraldo Reple Sobrinho das férias, no dia 8 de maio. A portaria 69310/24, assinada por Morando, concedendo os 15 dias de descanso para o secretário de Saúde, foi publicada na mais recente edição do Diário Oficial do Município.

A votação será o primeiro ato contra Orlando Morando em todo o mandato tucano. Isso porque o chefe do Executivo conseguiu apoio de apenas cinco vereadores para a sua indicação à sucessão na corrida eleitoral – o prefeito indicou sua sobrinha Flávia Morando (União Brasil). Dos 23 restantes, 12 estão no grupo do ex-vice-prefeito e ex-deputado federal Marcelo Lima (Podemos), que rompeu com Morando após não ter apoio do tucano em sua pré-candidatura ao Paço; oito estão com o deputado federal Alex Manente (Cidadania); e três com o deputado federal Luiz Fernando Teixeira (PT).

“Acredito que é uma oportunidade para o secretário dar os devidos esclarecimentos sobre o que está acontecendo na saúde. Sou a favor da convocação e já assinei o requerimento”, disse Eliezer Mendes (PL), que pertence à base de Morando, mas que está no grupo de Alex Manente.

Presidente da Câmara, que só vota em caso de empate, Danilo Lima (Podemos) já defendeu publicamente que “tudo precisa ser muito bem investigado”. “Temos que ver se houve culpado e depois fazer os apontamentos”, declarou, em entrevista ao Diário publicada no domingo.

Além da convocação do secretário de Saúde, alguns vereadores de São Bernardo dizem nos bastidores que os episódios envolvendo o Hospital da Mulher são tão graves que justificariam a criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a crise a fundo, identificar os responsáveis e propor punições.

HISTÓRICO

Até o momento, nove casos de negligência contra gestantes no Hospital da Mulher foram revelados. O primeiro foi divulgado pelo Diário no dia 14 de abril, a respeito de uma compressa deixada por 19 dias no interior do corpo da jovem Raissa Falossi Santos, 20 anos.

Diretor de hospital permanece no cargo

Diretor técnico do Hospital da Mulher de São Bernardo, Rodolfo Strufaldi não foi demitido pelo prefeito Orlando Morando (PSDB). O profissional segue no cargo, mas foi afastado temporariamente de suas funções de comando em decisão do Comitê Técnico criado pela administração para investigar as denúncias de negligências e erros médicos feitas pelo Diário.

A Prefeitura se negou a dar detalhes sobre a situação de Strufaldi ao jornal, apesar dos inúmeros questionamentos realizados desde a última sexta-feira, quando o comitê coordenado pela médica Mônica Carneiro, atual diretora do Hospital do Câncer Padre Anchieta, deu início aos trabalhos e afastou Strufaldi do comando técnico do Hospital da Mulher.

Strufaldi já havia sido demitido pelo prefeito Orlando Morando em maio de 2019, ao vivo, durante o Bom Dia São Paulo, na TV Globo, após o telejornal mostrar espera de mais de quatro horas na UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Ipê. A exoneração do então coordenador da rede básica foi publicada na edição de número 2.061 do Notícias do Município.




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