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Sem verba, Casa Neon Cunha passa a funcionar só uma vez por semana

Pela primeira vez em dois anos, ONG de São Bernardo deixará de oferecer atendimento diário a pessoas em situação de vulnerabilidade

Thainá Lana
08/04/2024 | 07:56
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André Henriques 30/11/22


Sem verba para continuar com o atendimento diário, a Casa Neon Cunha começou a funcionar apenas uma vez por semana, às quartas-feiras. A entidade de São Bernardo, que acolhe a população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Aliados, Assexuais) em situação de extrema vulnerabilidade social da região, acumula R$ 68 mil em dívidas e não possui mais recursos para manter as atividades.

Essa é a primeira vez desde a inauguração da sede, em dezembro de 2021, que a entidade não funcionará diariamente no Parque Anchieta. No espaço, são atendidas por dia cerca de 18 pessoas e servidas, em média, 120 refeições, entre café da manhã, almoço e jantar.

No local, as pessoas buscam desde serviços básicos de sobrevivência, como alimentação, banho, área para descanso e para lavar roupa, até outras atividades, como retificação de nome e gênero nos documentos, cursos de capacitação em diversas áreas, atendimento jurídico e psicossocial, oficinas e espaço para convivência.

Em campanha contra o fechamento desde outubro do ano passado, a ONG (Organização Não Governamental) deve R$ 42 mil aos funcionários que atuam na instituição, como psicólogos e advogados, por exemplo, e outros R$ 26 mil de dívidas são referentes às contas atrasadas de água, luz, energia e outras despesas de manutenção do projeto.

“As pessoas hoje criaram uma rotina, principalmente as que estão em situação de rua, de que aqui é um lugar onde elas podem ir todos os dias para tomar banho, assistir televisão e se alimentar, para ter acesso à cidadania e dignidade. Quando fechamos e abrimos apenas uma vez por semana, precarizamos o serviço e deixamos elas desassistidas. Esse grupo não quer ir ao Centro POP ou ficar na Casa de Passagem, porque são lugares hostis para elas. Sem o nosso serviço, essa população fica exposta a mais violências na rua”, disse o presidente e fundador da entidade, Paulo Araújo, 33 anos.

Além do valor da dívida, para voltar a funcionar diariamente a ONG precisa arrecadar mais R$ 50 mil – quantia necessária para manter os custos mensais. O presidente explica que a Casa Neon Cunha se mantém hoje com arrecadações recorrentes, que chegam a R$ 1.500 por mês, doações esporádicas via Pix, média de R$ 800, e R$ 11 mil recebidos pelo edital do Projeto Pride, ação conjunta entre o escritório OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil e o Ministério Público do Trabalho – um escritório de advocacia paga mensalmente o aluguel da sede, no valor de R$ 5.000,00.

Interessados em doar qualquer valor para Casa Neon Cunha podem acessar o link da vaquinha on-line no Instagram da ONG (@casaneoncunha), ou pela chave Pix pix@casaneoncunha.org. A entidade também aceita doações físicas de alimentos e produtos de higiene pessoal na sede, localizada na Rua Luiz Ferreira da Silva, número 183, no Parque Anchieta.




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