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Região contabiliza três mortes por meningite ao mês em 2023

De janeiro a dezembro foram 852 casos e 35 óbitos; neste ano, apenas nos dois primeiros meses já são 42 ocorrências, com um falecimento

Beatriz Mirelle
18/03/2024 | 08:37
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC


O Grande ABC registrou 852 casos e 35 mortes por meningite ao longo de 2023. Em média, os números indicam que foram 71 diagnósticos e três óbitos por mês. A doença refere-se à inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode ser dividida em bacteriana, viral, fúngicas ou por parasitas. 

 De acordo com especialista, a baixa adesão às vacinas, especialmente por causa da pandemia da Covid-19, justifica os números (leia mais abaixo). No ano passado, as ocorrências registradas representaram alta de 313,6% nos casos e 400% nas mortes em comparação a 2021. 

Ao todo, a região contabilizou 1.656 casos e 69 mortes entre 2021 e 2023. Os dados são do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do Estado de São Paulo. 

Apenas nos dois primeiros meses deste ano, as sete cidades já tiveram 42 diagnósticos. Uma morte por meningite foi registrada em 2024 e, apesar do Estado não esclarecer em qual cidade ocorreu, o número coincide com dado enviado pela Prefeitura de Santo André. 

“As meningites virais e bacterianas são as de maior importância para a saúde pública, considerando a magnitude de sua ocorrência e o potencial de produzir surtos. Apesar de ser habitualmente causada por micro-organismos, a meningite também pode ter origem em processos inflamatórios, como câncer (metástases para meninges), lúpus, reação a algumas drogas, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais”, indica o Ministério da Saúde.

Marcos Caseiro, infectologista e professor de Medicina da Universidade São Judas, comenta que as meningites bacterianas obrigam que a introdução da medicação seja feita o mais rápido possível. “A mortalidade está diretamente relacionada ao tempo de diagnóstico (feito a partir da coleta de amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano) e ao uso de antibiótico.” 

Em geral, a principal forma de contágio é pelas vias respiratórias. “Os casos tendem a aumentar em períodos com baixa temperatura. Quando começa o inverno, algumas pessoas alojam essas bactérias na garganta e transmitem para outras. Por isso recomendamos que, mesmo no frio, as pessoas deixem as janelas abertas para garantir circulação do ar.” 

CASOS 

Em maio do ano passado, o Diário noticiou surto de casos de meningite viral em São Caetano, onde duas escolas confirmaram crianças contaminadas pela doença, sendo elas a EMI (Escola Municipal Integrada) Marily Chinaglia Bonaparte e a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Anacleto Campanella. Já em novembro, um estudante de 8 anos da Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Anita Catarina Malfatti, em Diadema, morreu por causa de meningite bacteriana. 

BAIXA ADESÃO ÀS VACINAS É JUSTIFICATIVA PARA ÍNDICES

As meningites bacterianas, causadas pelo meningococo, hemófilo ou pneumococo, são as mais perigosas e necessitam de rápida intervenção médica para garantir a cura. De acordo com Marcos Caseiro, infectologista e professor de Medicina da Universidade São Judas, o cenário de infecção pela doença era controlado porque esses três germes citados têm imunizantes incorporados no calendário vacinal do País, mas, nos últimos anos, os dados mostram que a falta de adesão à vacina gerou novamente a alta significativa das ocorrências. 

"O aumento expressivo dos casos é uma prova do desserviço relacionado à vinculação de notícias falsas sobre todos os imunizantes. Muitas doenças que são preveníveis por vacina voltaram a causar alerta por esse motivo. Todos os imunizantes podem ter um ou outro efeito adverso, que são mínimos diante dos benefícios, já que a vacinação ainda é considerada a forma mais eficaz na prevenção”, diz Caseiro.

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, sete vacinas são recomendadas contra meningite e estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). São elas a BCG; pentavalente; pneumocócica 10-valente (conjugada): pneumocócica 23-valente (polissacarídica): pneumocócica 13-valente (conjugada): me- ningocócica C (conjugada); meningocócica ACWY (conjugada). 

“Para termos imunidade coletiva, precisamos de uma cobertura vacinal de 90%. Nesses últimos anos, algumas vacinas chegaram a ter cobertura de apenas 60%”, complementa o professor. Os exames laboratoriais para o diagnóstico de meningite também estão disponíveis no SUS.




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