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Humanização do tratamento substitui manicômios
Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
11/01/2004 | 19:42
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A evolução dos medicamentos específicos e a humanização no tratamento possibilitou, nos últimos anos, que os médicos especializados em saúde mental deixassem de lado técnicas invasivas, como eletrochoque e lobotomia, que deixavam seqüelas definitivas nos pacientes. No Grande ABC, as secretarias de saúde partem para a criação de uma ampla rede de tratamento com centros de atendimento de 12h e 24h, internação de poucos dias e a abertura de residências terapêuticas, que substituem os antigos hospitais psiquiátricos ou manicômios. O objetivo é melhorar a integração dos pacientes de saúde mental com a sociedade.

Aos poucos, os municípios se enquadram na política de saúde mental pretendida pelo Ministério da Saúde, que tem como principal mote a chamada luta antimanicomial. Até o início da década de 90, a região tinha sete manicômios, que foram sendo fechados aos poucos. Hoje, apenas São Bernardo mantém um hospital psiquiátrico. O último manicômio fechado na região foi em Ribeirão Pires, em dezembro de 2002.

A abertura de Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPs), em Santo André, por exemplo, significou uma redução de 90% da quantidade de pacientes internados. “A internação psiquiátrica é um procedimento muito caro. Em média um paciente custa R$ 900 por mês ao Sistema Único de Saúde (SUS) e em muitos desses casos os pacientes não precisam de internação. O atual sistema mostra que é possível tratá-los sem depender do enclausuramento”, argumentou o coordenador do programa de Saúde Mental de Santo André, Décio de Castro Alves.

O psiquiatra José Carlos de Arruda, coordenador da Saúde Mental em Ribeirão Pires, acredita que os pacientes psiquiátricos devem ser tratados como qualquer doente.

A evolução dos medicamentos é citado como um dos principais motivos para a melhora no tratamento dos doentes mentais. “Os medicamentos facilitam muito a interferência em um processo. Hoje em dia, há mais possibilidade de tratar um paciente com medicamentos psicotrópicos que não afetam seu comportamento”, acredita o psiquiatra e doutor em saúde coletiva Roberto Tykanori Kinoshita.

São Bermardo, a única cidade do ABC que ainda tem manicômio, não se pronunciou sobre o assunto.




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