Política Titulo Preservação em pauta
Patrimônios tombados contam a história da região
Luiza Feitosa
Especial para o Diário
11/02/2024 | 08:53
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No icônico casarão andreense, um patrimônio tombado, atualmente funciona centro de especialidades médicas (FOTO: Celso Luiz/DGABC)


O Grande ABC é repleto de pluralidades, história e cultura, servindo de abrigo para diversos pontos tombados, isto é, locais que foram imortalizados historicamente, por um conjunto de ações realizadas pelo poder público com o objetivo de preservá-los, pois possuem um valor histórico, arquitetônico, artístico, documental, ambiental ou afetivo.

O Diário identificou que, nas sete cidades, existem ao menos 59 bens tombados. Segundo a professora da UFABC (Universidade Federal do ABC) Silvia Passarelli, especialista em patrimônio cultural, planejamento urbano e ambiental, é muito significativo um ponto ser tombado, 

“O tombamento tem a sua importância, pois assim é estabelecido que aquele edifício tem um valor maior do que o físico, possui um simbolismo para a cidade e merece a atenção do poder público”, disse. “Os pontos históricos podem fomentar o turismo de uma cidade, se o poder público se interessar e valorizar os locais, organizando campanhas, cuidando, fazendo visitações para o apresentar para a população, tudo acaba dependendo da gestão e muitos não se preocupam”, contou a educadora.

Alguns pontos tombados acabaram sendo derrubados, como o Observatório Astronômico de Diadema, que, após uma década abandonado e completamente vandalizado, foi demolido no início deste ano, e a casa da pintora Anita Malfatti (1889-1964), também em Diadema, que deu lugar a edifício.

Já a residência mais antiga do Grande ABC, construída em 1854, a Casa do Barão de Mauá se tornou um museu. Mesmo assim, a negligência do poder público é vista nas paredes descascando e nas janelas quebradas. Segundo relatos de funcionários do local, moradores de rua vandalizam o local para tentar entrar. O descaso é grande e, segundo dizem, após o tombamento as coisas só pioraram.

O Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa está em processo de reforma e revitalização, com previsão de abertura no aniversário da cidade, comemorado em 8 de abril. “Quando reestruturamos o museu, já preparamos as crianças para conhecer as histórias e preparar a Santo André que queremos para o futuro. É o presente cultural aliado ao planejamento da cidade para os próximos anos. Precisamos ter a história como base para pensar e dar os próximos passos”, contou o prefeito Paulo Serra (PSDB).

Outros pontos tombados acabam sendo comprados pela iniciativa privada, como a área da antiga Chácara Lauro Gomes em São Bernardo, que, após o falecimento de seu proprietário, em 1964, foi passada a várias empresas, como a Ford do Brasil, e atualmente sedia uma empresa de logística. Outro exemplo é a Mansão Tognato, dos anos 1930, em Santo André, que funciona como centro de especialidades médicas do Grupo Fleury.

De acordo com Marcílio Duarte, diretor de patrimônio histórico de Ribeirão Pires, esse serviço é maior do que algo somente simbólico, “Com o tombamento acontecem duas coisas: a proteção legal do bem, por meio de leis, e a preservação da memória, algo que é responsabilidade de todos, da comunidade, do Executivo e do Legislativo.” Os bens tombados são protegidos pelo decreto de Lei n° 25, de 30 de novembro de 1937.

“As cidades que não possuem patrimônio cultural são cidades anônimas, sem uma identificação que as diferencia das outras. Os pontos tombados trazem personalidade e as caracterizam”, diferenciou Duarte ao Diário.

São Bernardo é o município do Grande ABC com mais pontos tombados, 22. Dentre as sete cidades da região, Santo André é a única que possui um bem com tombamento atestado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a Vila Ferroviária de Paranapiacaba.




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