Neste mês de outubro está se desenvolvendo em Roma o Sínodo que tem como tema, justamente a “sinodalidade”. Esta palavra grega, sínodo, entrou no nosso vocabulário português, como tantas outras da língua grega, ela quer dizer a propósito: “caminhar juntos”.
Estou tendo a graça de participar deste evento, como um dos bispos escolhidos pela CNBB para representar os bispos do Brasil. Sinto que é um momento crucial, histórico o que estamos vivenciando aqui.
O Papa Francisco tira as dúvidas possíveis sobre este “caminhar juntos” que a palavra ‘sínodo’ significa. E afirma: “O tema da sinodalidade não é o capítulo de um tratado de eclesiologia, muito menos uma moda, um slogan ou o novo termo a ser usado ou instrumentalizado em nossos encontros. Não! A sinodalidade expressa a natureza da Igreja, a sua forma, o seu estilo, a sua missão. E por isso falamos de Igreja sinodal, evitando, no entanto, considerar que seja um título entre outros, um modo de pensá-la que prevê alternativas. Não digo isto com base em uma opinião teológica, nem mesmo como pensamento pessoal, mas seguindo o que podemos considerar o primeiro e mais importante “manual” de eclesiologia, que é o livro dos Atos dos Apóstolos, que está na Bíblia.
Este livro é a história de um caminho onde todos são protagonistas, em que os ministérios estavam a serviço e a autoridade nascia da escuta da voz de Deus e das pessoas. Em um Sínodo a escuta é muito importante, não só a fala.
Por isso, o primeiro compromisso de um processo sinodal é pensado como dinamismo de escuta recíproca, envolvendo a todos. Em seguida, todos devem ouvir a voz de Deus, perceber a sua presença. Ouvir um ao outro e todos ouvirem na oração a voz do Espírito Santo.
Pode haver debates entre pensamentos diversos e até confrontos, mas isso não deve causar medo. Sempre haverá discussões, mas as soluções devem ser buscadas no diálogo, dando a última palavra, a conclusão, a Deus. A Tradição, afirma, a assembleia sinodal, é uma massa fermentada, uma realidade em fermentação onde podemos reconhecer o crescimento.
Foram muito importantes as fases de consulta que precederam este sínodo em Roma. Teve a fase diocesana, consulta nas diocese, depois a fase nacional, consulta em cada país e a consulta continental, em cada Continente. Foram reveladas as maravilhas que Deus opera no seu Povo, mas também as muitas as resistências, para superar a imagem de uma Igreja rigidamente distinta entre dirigentes e subordinados.
Devemos nos preparar para as surpresas de Deus, de coração aberto e confiantes. É o Espírito Santo que guia a Igreja. E Jesus diz a cada um o que sempre repetia quando encontrava as pessoas: não tenham medo!
Não tenhamos medo, o medo paralisa, tenhamos fé, a fé ilumina e dá coragem para enfrentar os desafios.
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