Diante do atual quadro de indefinições que o basquete brasileiro enfrenta, no qual Nossa Liga e CBB (Confederação Brasileira de Basquete) não entram em acordo para a realização dos campeonatos nacionais masculino e feminino, a única certeza é que a geografia do esporte da bola laranja está mudando no Grande ABC. Santo André, que ostenta diversos títulos estaduais, nacionais e até o Sul-Americano de 1999, passa por uma das piores crises de sua história e vê a vizinha e rival São Caetano ganhar destaque e projeção entre as mulheres.

No elenco da Seleção Brasileira que estréia nesta quarta-feira às 18h (horário de Brasília) diante do Paraguai no 29º Campeonato Sul-Americano, na Colômbia, São Caetano conta com duas atletas que defenderam o clube no último Estadual (Vivian e Fabianna). Já o time andreense não cedeu nenhuma atleta para a seleção, fato raro em sua história.

Na prancheta, São Caetano também ganha espaço. O assistente-técnico da seleção será Norberto Silva, mais conhecido como Borracha, comandante da equipe da cidade. No último ciclo olímpico, o cargo foi ocupado por Laís Elena Aranha, técnica de Santo André.

Os resultados dos últimos campeonatos disputados pelas duas cidades também demonstram vantagem para São Caetano. No Nacional de 2004, a equipe obteve a vice-liderança na primeira fase e terminou em terceiro lugar na classificação geral. No Estadual deste ano, também ficou em terceiro. Já Santo André, amargou a quarta colocação no Nacional da temporada passada e no último Paulista caiu precocemente nas quartas-de-final, ficando de fora do grupo dos quatro melhores.

Borracha exalta os últimos resultados de São Caetano, que, segundo ele, fazem parte do planejamento da equipe situar-se entre as quatro melhores em todas as competições disputadas, mas minimiza a superioridade em relação a Santo André. "É relativo. Vivemos um momento melhor, mas isso não quer dizer que somos melhores do que eles (andreenses)", disse. "A minha participação na seleção, assim como da Vivian e da Fabianna, é reflexo do trabalho que temos feito e, conseqüentemente, das boas colocações nos campeonatos".

A ala Vivian defendeu Santo André por 14 anos, mas no último Estadual esteve do lado de São Caetano. Na seleção, a atleta busca o segundo título consecutivo sul-americano e lamenta a crise do clube que a revelou. "Não adianta só um time crescer. Santo André muito fraco é ruim para o basquete brasileiro", afirmou.

Supremacia – O Brasil coloca nesta quarta diante do Paraguai sua hegemonia na modalidade. O país já ganhou 19 vezes o Campeonato Sul-Americano, sendo as últimas nove de maneira consecutiva. A última derrota da seleção, que já acumula uma série invicta de 47 partidas, foi em 1984. Pelo regulamento, os sete países jogam entre si em turno e returno, sendo campeão o que alcançar o maior número de vitórias.