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Centro social de Rio Grande está em ruínas
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
10/02/2005 | 14:05
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Rio Grande da Serra oferece poucos atrativos de lazer para seus habitantes. Não há cinema, shopping ou parques públicos equipados na cidade. O único teatro local não tem sequer  programação regular de espetáculos. Nem sempre foi assim. Há 10 anos, a cidade contava com importante área de lazer. Era o CSU (Centro Social Urbano), um megaconjunto esportivo localizado no Jardim Novo Horizonte, dotado de piscina, campo de futebol, quadras, equipamentos de ginástica, espaço para aulas de tricô, crochê, cabeleireiro, alfabetização de adultos, produção de blocos de construção e distribuição de merenda para crianças.

O CSU, pertencente ao governo do Estado, foi abandonado. No lugar das centenas de pessoas da comunidade que participavam de cursos e atividades esportivas, restam dois guardas que tomam conta do espaço durante o dia. O lugar transformou-se em um amontoado de ruínas e sujeira. Onde antes existiam vestiários, hoje há salas escuras, cheias de goteiras, paredes repletas de pichações e chão coberto de fezes.

Os equipamentos de ginástica (barras para alongamento e abdominais) foram tomados pelo mato. A piscina virou um buraco malcheiroso. Parte do telhado do CSU desapareceu, destruído por ventos e tempestades. Por onde se olha, há lixo, detritos, telhas e vidros quebrados.

Os moradores não se conformam com o abandono do lugar. Maria Martins, 62 anos, e sua filha Iaponira, 30, recordam-se de tempos melhores do centro. “Quando nós viemos morar aqui, há 18 anos, o CSU funcionava que era uma beleza. Foi aí que nos ensinaram a fazer tricô. Era tão organizado que para entrar na piscina a gente precisava mostrar carteirinha.”

Vizinhos reclamam da presença de desocupados nas ruínas do CSU à noite. Eles dizem que o maior “elefante branco” de Rio Grande vem sendo utilizado de forma indevida. “Fazem de tudo aí dentro”, disseram moradores, que pediram para não ser identificados.

Não faltaram promessas de que a situação do CSU seria revertida. Em 28 de novembro de 2002, o então prefeito de Rio Grande da Serra, Ramon Velasquez (PT), reuniu-se com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes, e saiu do encontro com um aceno de verba. Na época, o governador teria prometido R$ 1.150 milhão para a reforma do centro. O dinheiro não veio.

Um ano depois, em 9 de dezembro de 2003, o CSU foi vistoriado por técnicos da Secretaria de Estado da Juventude, Esportes e Lazer. Eles previram que seriam necessários entre R$ 400 mil e R$ 500 mil para revitalizar o espaço. A suposta obra seria iniciada em março de 2004. No entanto, nem um prego foi colocado na parede.

Hoje, até as promessas acabaram. O secretário estadual de Esportes, Lars Grael, declarou, por meio da assessoria de imprensa da secretaria, que o CSU foi “municipalizado”. Grael apenas a-crescentou que está à disposição da Prefeitura de Rio Grande da Serra para retomar o assunto. Em resumo, o Estado não parece ter mais planos para o CSU.

O secretário de Obras do município, Gabriel Silveira, é o único que demonstra otimismo em relação ao futuro do CSU. Ele diz que existe um projeto de revitalização do local, situado a 1 quilômetro do Centro da cidade, e uma promessa do governador Alckmin. “No início do mandato do prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB), o governador manifestou-se favoravelmente à reforma do CSU”, informa Silveira

No plano concreto, pelo menos uma coisa o prefeito e o governador têm em comum: ambos pertencem ao mesmo partido político. Pode ser que isso se transforme em uma boa notícia para os moradores de Rio Grande, que hoje precisam sair de sua cidade em busca de lazer nos municípios vizinhos.



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