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Garoto diz que apanhou na delegacia
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
07/11/2009 | 13:38
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A Ouvidoria da Polícia do Estado acompanha uma denúncia de agressão envolvendo policiais civis de Santo André. Um adolescente de 16 anos afirmou para duas advogadas que apanhou, na última sexat-feira, dentro do 3º DP para confessar um crime. A Polícia Civil nega a acusação.

O jovem foi detido em flagrante por volta das 8h na Favela Chácara Baronesa, Jardim Las Vegas, na divisa de Santo André com São Bernardo. Ele foi flagrado por policiais militares passando drogas e anotações para o desempregado Sidney Fé do Nascimento, 26 anos.

Os policiais relataram ao delegado do 3º DP que o adolescente admitiu ter ficado a madrugada inteira vendendo drogas na favela. O garoto também teria dito que Sidney estava assumindo o ponto naquela hora. Foram apreendidos 20,4 gramas de maconha, 16 gramas de cocaína e seis pedras de crack. Os entorpecentes foram enviados ao IC (Instituto de Criminalística) da cidade.

Também foram encontrados com o jovem de 16 anos R$ 253 em dinheiro e três folhas de caderno contendo nomes e valores que, segundo a polícia, faziam referência ao movimento do tráfico daquela noite. Foi pedido exame grafotécnico para comparar a letra do caderno com a escrita do adolescente.

JÁ esteve detido - Como já havia sido detido outra vez, o garoto recebia acompanhamento da Fundação Criança de São Bernardo, órgão municipal que, entre outros serviços, fornece apoio a menores que estão em liberdade assistida. Duas advogadas da fundação compareceram à delegacia durante a manhã.

As profissionais relatam que encontraram o acusado com o olho roxo e com sangue no nariz e na camiseta. Ao perguntar ao menino o que tinha acontecido, ele respondeu que tinha apanhado de policiais civis para confessar o crime de tráfico de drogas e delatar outros possíveis comparsas.

O delegado Alberto José Mesquita Alves garantiu que "o menor não sofreu qualquer tipo de agressão dentro do distrito policial." Policiais civis contaram que o garoto recebeu alimentação durante o registro da ocorrência e que a mãe dele, uma mulher de 41 anos, presenciou todo o processo.

À tarde, o menino foi apresentado à Vara da Infância e Juventude na companhia das advogadas e da mãe. Após prestar depoimento, ele foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer exames que poderão comprovar se houve agressão.

A suposta tortura foi denunciada à Ouvidoria da Polícia, que deve encaminhar, segunda-feira, um pedido para a Corregedoria da Polícia Civil apurar o que ocorreu. O jovem continua detido.




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