Política Titulo Ex-protagonistas
Era Oswaldo/Leonel Damo chega ao fim em Mauá

Eleição de outubro será a primeira sem ambos desde 1973,
quando Amaury Fioravanti foi eleito para o seu 1º mandato

Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/06/2012 | 07:40
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Tiago Silva/DGABC


A eleição de outubro à Prefeitura de Mauá ostenta ingrediente inédito nas últimas décadas. Será a primeira vez em 39 anos que nem Oswaldo Dias (PT) nem Leonel Damo (PMDB) concorrerão ao Executivo. Ambos protagonizaram a disputa pelo poder ininterruptamente (juntos ou alternadamente) por mais de dois terços da história política da cidade - o primeiro prefeito, Élio Bernardi, tomou posse em 1959.

A última vez em que ao menos um dos rivais históricos não disputou a eleição ao Paço foi em 1973, quando Amaury Fioravanti foi eleito para o primeiro de seus dois mandatos. No pleito seguinte, em 1976, Damo, que já havia sido vice-prefeito entre 1970 e 1973, se lançou candidato ao governo, mas perdeu para Dorival Rezende por 342 votos. Ele disputou cinco eleições para prefeito e duas para vice.

Damo foi eleito para comandar Mauá entre 1983 e 1988. No seu segundo mandato (2005 a 2008), foi nomeado pela Justiça após o caso Túnel do Tempo. Pela exposição, o candidato do PT, Márcio Chaves Pires (que havia vencido o primeiro turno) foi cassado.

Oswaldo (que nunca foi derrotado por Damo) concorreu ao Executivo quatro vezes. Na primeira delas, em 1988, terminou a sucessão a Damo em terceiro lugar - Fioravanti venceu. Nas duas seguintes (1996 e 2000) foi eleito derrotando o principal rival. Em 2008 conquistou o terceiro mandato, já aproveitando da fragilidade do peemedebista, que, em baixa com o eleitorado, desistiu da reeleição.

Mais do que adversários, ambos lideraram frentes antagônicas, que, mesmo com longos períodos no poder (Damo ainda foi vice de José Carlos Grecco, entre 1993 e 1996), não conseguiram colocar Mauá no mesmo patamar de desenvolvimento das outras cidades do Grande ABC. Entre os sete municípios, o Orçamento per capita supera somente o da pequena Rio Grande da Serra.

SEM NOSTALGIA

Oswaldo e Damo descartam a nostalgia ao comentarem o fim da era protagonizada por eles. Ambos concordam sobre a necessidade de renovação, embora o peemedebista, mesmo com a inelegibilidade do rival, mantenha sua pré-candidatura a vereador. "Sangue novo será bom para o município. Seja o da minha filha (a postulante à Prefeitura Vanessa Damo) ou de outro candidato."

Mesmo em despedida forçada pela Justiça e pelo próprio partido (manobra interna colocou Donisete Braga como candidato), Oswaldo contabiliza "quase uma dúzia" de lideranças capazes de assumir o governo, mas não deixa o costume de atacar Damo. "Não é falta de competência ou criatividade do grupo do Leonel, é que as amarras que ele faz para atender às exigências de grupos econômicos não permitem um olhar mais direto para a cidade."

Mesmo com a crítica, Damo classifica Oswaldo como "adversário leal". "A única coisa que não concordo é ele sempre reclamar da dívida. É uma lamentação que não tem sentido porque todos os prefeitos deixaram dívidas", contesta - o rombo do Paço está em R$ 1,4 bilhão.




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