Talvez não exista mais importante - e polêmico - cineasta brasileiro do que Glauber Rocha (1939-1981). O diretor foi um dos poucos a lidar com competência com a prática de ‘uma câmera na mão, uma ideia na cabeça'. Sua genialidade e estilo controverso marcaram época principalmente por títulos lançados na década de 1960 que até hoje são reverenciados.

Parte de seu acervo ganha sobrevida no 'Ciclo Glauber Rocha', que começa sábado, no Museu Brasileiro da Escultura, o MuBE (Avenida Europa, 218. Tel.: 2594-2601), em São Paulo. Durante todos os fins de semana do mês, uma sessão às 15h apresenta ao público atual exemplos da corrente conhecida como Cinema Novo. As exibições fazem parte da programação do Cine Clube MuBe e a entrada é franca.

Quem abre as atividades nesta semana é 'Barravento' (1962), que marca a estreia do cineasta em longas-metragens. A história se passa em uma pobre vila de pescadores na Bahia, muito ligada à crença do candomblé, que tem cotidiano agitado com o retorno de um antigo morador. Os confrontos surgem quando esse homem coloca em prática um plano para livrar sua terra natal de ideias que ele considera ultrapassadas. Antônio Pitanga, Luíza Maranhão e Lídio Silva estão no elenco.

No dia 13, quem ganha espaço é o clássico 'Deus e o Diabo na Terra do Sol' (1964), considerado um dos principais trabalhos da carreira de Glauber. Completam a programação do ciclo especial 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro' (1969), no dia 20, e o icônico 'Terra em Transe' (1967), atração no dia 27.

Os filmes estão prestes a completar 50 anos, mas ainda fazem parte da lista das melhores produções brasileiras. Prêmios e reverências ao longo das décadas comprovam sua alta qualidade e a visão diferenciada do autor.