Tematicamente, a Orquestra Filarmônica de São Caetano, no concerto do fim de semana, passa por uma odisseia musical. Executando Wagner, Shostakovich e Brahms, a formação remonta ao clima das festas de escola, do casamento, do militarismo e das dúvidas do destino.

Na abertura, com 'Prelúdio' do 3º ato de 'Lohengrin', de Richard Wagner, a orquestra faz trecho da composição cuja uma parte é das mais famosas marchas nupciais do mundo. "Da ópera, fazemos a parte em que o príncipe se casa com sua amada Elisa", explica o maestro Sérgio Assumpção.

Em seguida, a execução é de 'Concerto Nº 1 para Violoncelo', do russo Dmitri Shostakovich. Como solista, a violoncelista Ji Yon Shim. Contemporânea, a peça de 1959 teve forte influência do clima comunista ferrenho que dominava a Rússia logo depois da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria. O maestro explica que a obra está contaminada desse elemento político, com um tema, recorrente, de quatro notas que compõem o nome do autor - e a busca de expressar-se individualmente - combinado a um tema militar, que a todo instante é retomado e indica o acompanhamento do partido comunista na liberdade artística dos russos.

Tirando o terceiro movimento, dedicado à solista, o maestro considera a obra um desafio importante para a orquestra, principalmente por conta das dissonâncias e compassos binários, terciários e até complexos.

BRAHMS DIVERSO
Depois do intervalo, o público pode conferir duas facetas de Johannes Brahms, uma delas alegre. "O que não é comum", revela Assumpção.

Primeiro, o grupo, com participação do Coro do Colégio Visconde de Porto Seguro e o Coro Jovem Sinfônico de São José dos Campos, faz 'Schicksalslied', também conhecida como 'Canção do Destino'. Baseada em poema de Friedrich Hölderlin, a canção tem uma parte dedicada para o louvor aos deuses e a segunda parte, furiosa, sobre as intempéries às quais o homem é submetido pelo destino.

Em seguida, o tema é 'Abertura do Festival Acadêmico', que reúne, em forma sinfônica, mescla das canções que faziam parte dos grupos universitários da época. "São canções de celebração que Brahms verteu em obra sinfônica. Temos uma noite diversante, com composição de impacto na entrada, um desafio musical em seguida e a presença de coro e o espírito alegre da finalização", considera o maestro.

Orquestra Filarmônica de São Caetano - Concerto. No Teatro Paulo Machado de Carvalho - Alameda Conde de Porto Alegre, 840, São Caetano. Tel.: 4220-3924. Hoje, às 20h30 e amanhã, às 19h30. Entrada franca.