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Indústria emprega dois a cada dez trabalhadores na região

Dos 750.554 empregos com carteira assinada da região, 177.575 atuam no setor, o que equivale a 23,65%; no fim da década de 1990 era 39%

Nilton Valentim
do Diário do Grande ABC
25/05/2023 | 08:04
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Reprodução


 No Grande ABC, considerado o berço da indústria brasileira, apenas duas a cada dez vagas de emprego com carteira assinada são oferecidas pelo setor industrial. No fim da década de 1990, eram quatro. Hoje é comemorado o Dia da Indústria. Segmento vive a expectativa dos anúncios que serão feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que hoje estará na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

 Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, as sete cidades do Grande ABC tinham em março 750.554 trabalhadores formais. Deste total, 177.575 atuando em estabelecimentos industriais, o que equivale a 23,65%.

No fim da década de 1980, a indústria respondia por 363 mil dos 588.728 empregados da região, o que correspondia a 62%). O percentual veio caindo ao longos dos anos (confira na tabela abaixo).

O coordenador de estudos do Observatório Econômico e professor do curso de ciências econômicas da Universidade Metodista, Sandro Maskio, aponta a mudança nos processos de produção como uma das causas para a diminuição dos empregos. “Nós temos a indústria ainda com um peso considerável (na geração de empregos), mas o setor parou de realizar de forma direta diversos processos produtivos e passou a transferir isso para empresas terceirizadas, que em grande parte são prestadoras de serviços. Uma tendência é se concentrar no seu núcleo duro de atividade e transferir as demais”, aponta.

Outro fenômeno apontado pelo economista é a internacionalização. “A cadeia de fornecimento perde muito, principalmente a de peças automobilísticas , porque é mais fácil importar, principalmente da Asia”, aponta.

 FUTURO

A Fiesp lança hoje um conjunto de propostas com potencial de impulsionar o desenvolvimento do Brasil, e tirar o País de uma posição de vulnerabilidade em relação a crises externas, como a escassez de semicondutores, que foi responsável por interrupções de produção em várias empresas – só neste ano, a indústria automotiva parou suas linhas 13 vezes.

As contribuições da Fiesp estão divididas em eixos temáticos e prioritários para a indústria nacional, como inovação e desenvolvimento tecnológico, manufatura avançada, instituições financeiras de desenvolvimento, mercado de capitais e crédito corporativo de longo prazo.

“O desafio é manter a competitividade do Brasil. Nós passamos por um período muito difícil. Como se diz no Interior, não bastasse a queda, teve o coice. Ou seja, foram sete anos de recessão seguidos de três anos de pandemia, com uma guerra da Ucrânia com a Rússia que rompeu as principais cadeias globais de fornecimento”, afirmou Rafael Cervone, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

“A indústria é o setor que tem o maior fator multiplicador (de investimentos). Para cada R$ 1 a mais na produção da indústria, gera-se R$ 2,20 novos ma economia, enquanto serviços gera R$ 0,50 e o agro R$ 0,70. A produtividade da indústria é na média 16% maior que no resto da economia. A indústria realiza 69% dos gastos totais de inovação no Brasil, representa 67% dos gastos totais com pesquisas e desenvolvimento e tem um salário médio semelhante ao de países desenvolvidos”, afirmou Cervone.

O presidente do Ciesp também chamou atenção para a questão dos tributos que incidem sobre o setor e a taxa de juros. “Não podemos abrir mão da competitividade. Porém, 45%, do valor adicionado da indústria são impostos. No agro isso representa apenas 6%. E não conseguimos ser competitivos com uma taxa de juros tão alta. Que no Brasil é uma taxa insana”, complementou.




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