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Acadêmicos acreditam que pesquisa tornaria UABC mais útil
Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
22/06/2004 | 22:41
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Pessoas ligadas ao meio acadêmico do Grande ABC afirmam que antes de as lideranças e o governo federal definirem o formato da universidade pública a ser instalada na região é necessário uma pesquisa de mercado, capaz de identificar quais são as carências no ensino superior, que hoje não podem ser supridas pelas instituições privadas. A defesa é que ao se mapear o que existe de acúmulo na região, a universidade venha a dar mais consistência a estudos e pesquisas já realizados, com articulação e cooperação técnica, e que também traga uma nova concepção de ensino, que contribua não só para mudanças acadêmicas no cenário regional, mas nacional.

O professor Luiz Roberto Alves, coordenador da Cátedra Prefeito Celso Daniel de Gestão de Cidades da Universidade Metodista, defende a criação de um grupo técnico capaz de projetar as bases pedagógicas e acadêmicas dessa instituição. “O processo precisa ser completo desde o início e quem está à frente dele deve passar por diversas etapas, até em respeito ao movimento que quer a universidade federal instalada na região há muitos anos.”

Ele sugere o aproveitamento ao acúmulo existente para ampliar o que é desenvolvido em pesquisa e criar o que ainda não está disponível, sempre com estudos associados às cadeias produtivas do Grande ABC, a fim de que se estabeleça uma política regional integrada. “É um grande risco pensar na universidade como um pedaço fragmentado do conhecimento. A instituição deve ser mais articuladora e menos competidora, não pode ser mais uma que compete com as outras, mesmo porque as outras instituições fazem um esforço enorme para se tornar referência também.”

Para o professor Otávio de Mattos Silvares, reitor do Instituto Mauá de Tecnologia, o fato de se querer uma universidade com perfil tecnológico, sem antes fazer um levantamento das necessidades do setor produtivo da região, traz o risco de deixar de lado outras áreas que apresentam demanda.

“O ABC tem duas instituições de ensino (FEI e Mauá) que desenvolvem pesquisa na área tecnológica para empresas. Temos próximo à região outras universidades públicas que oferecem os mesmos cursos. A idéia pronta de uma universidade com perfil tecnológico apenas seria justificável ao se identificar que ainda existe uma carência nesta área. A universidade deve vir para ocupar vazios, seja no ramo tecnológico ou não. Desenvolver um modelo de universidade pública baseado apenas na história do ABC das indústrias é leviano. O cenário é outro, as necessidades são outras. Uma pesquisa, principalmente junto às cadeias produtivas, identificaria isso”, afirmou Silvares.

Audiência – O grupo responsável pela concepção do modelo da universidade, que se reuniu nesta segunda com o representante do Ministério da Educação, vai envolver empresários e entidades, na tentativa de identificar essa demanda. A inclusão de outros segmentos na discussão, além de ter sido apontado como primordial por membros do grupo, foi sugerido pelo diretor de Desenvolvimento do Ensino Superior do ministério, Manuel Palácios.

Até o fim desta semana, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC deve convidar o setor produtivo para que apresentem propostas, em reunião ainda sem data definida. E nesta quarta será realizada audiência pública na Câmara de Santo André, a partir das 19h. As propostas serão posteriormente enviadas ao Consórcio.




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