O delegado-seccional de Santo André, Luiz Carlos dos Santos, espera que até o fim desta semana o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) nomeie novos delegados para as Ciretrans (Circunscrições Regionais de Trânsito) de Santo André e Mauá, cujos delegados foram afastados por suspeita de envolvimento com a máfia que fraudava a emissão de carteiras de habilitação denunciada pela operação Carta Branca do Ministério Público Estadual e da Polícia Federal.

Santos afirmou ontem que alguns trâmites administrativos nos dois órgãos estão parados porque dependem da assinatura dos responsáveis. Mas serviços como vistoria de carros e emissão de novas habilitações ocorrem normalmente.

INVESTIGAÇÃO
Santos afirmou ser o responsável pela correição (auditoria corretiva) instaurada nos Ciretrans de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires - além de Santo André e Mauá -, para encontrar possíveis irregularidades na emissão de carteiras de habilitação. "Adotei critérios de investigação que não serão divulgados", disse o delegado.

O posicionamento é diferente do delegado-seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula, que também assumiu a responsabilidade pela correição nos Ciretrans de São Bernardo e São Caetano, mesmo sem indícios de irregularidades nas cidades. As correições são determinação da Secretaria de Segurança Pública.

Marco de Paula está investigando 9.000 prontuários de habilitação emitidas a partir de outubro de 2007. O método de apuração é a amostragem. "Selecionamos aleatoriamente cerca de 10% dos prontuários emitidos a cada mês", diz o delegado, afirmando que o objetivo é identificar falhas em comum nos prontuários, que poderiam indicar um possível esquema de fraude. "Desde sábado, analisamos 600 prontuários. Não é possível dizer que não encontramos falhas, mas até agora não há nada que possa indicar um esquema fraudulento", explicou o delegado.

Um Centro de Formação de Condutores de Diadema está entre os suspeitos de ligação com o esquema. Entretanto, as habilitações daquele centro foram emitidas por outros Ciretrans, o que afasta a possibilidade de ligação do órgão nas fraudes.

Ontem, o Detran de Mato Grosso do Sul bloqueou acesso da Auto-Escola Vinícius ao banco de dados do órgão. A empresa, situada em Sidrolândia, a 68 quilômetros de Campo Grande, está incluída nas escutas telefônicas realizadas na apuração das fraudes. É a segunda auto-escola daquele estado que tem o acesso bloqueado.