O exército paquistanês fez um ataque nesta segunda-feira contra uma madrassa, escola que ensina o Alcorão, utilizada como campo de treinamento perto da cidade de Jar, principal localidade do distrito tribal de Bajaur, matando 80 supostos militantes islâmicos.

Um comandante talibã procurado pelas autoridades paquistanesas, o mulá Liaqat, figura entre as vítimas, afirmou um alto funcionário das forças de segurança, que pediu anonimato. Outro militante próximo ao mulá Liaqat, o mulá Faqir Mohammed, afirmou, por sua vez, que as vítimas eram civis e que as mortes serão ‘vingada’.

"Não contamos as vítimas com precisão, mas as informações obtidas localmente e as de nossos serviços de segurança sugerem cerca de 80 mortos", afirmou o porta-voz das forças armadas paquistanesas, o general Shaukat Sultan.

A escola fica longe das zonas habitadas e não havia mulheres ou crianças no local no momento do ataque, por volta das 05h locais deste domingo (21h de sábado em Brasília), assegurou.

Segundo testemunhas, pelo menos três helicópteros atacaram a escola com mísseis quando a maioria de seus ocupantes dormia ou se preparava para a primeira das cinco orações cotidianas muçulmanas.

Pela manhã, foram organizados funerais para 20 das pessoas mortas no ataque. Um vereador islâmico local, Haroom Rashid, que assegurou ter participado da cerimônia, afirmou que 83 pessoas foram mortas.

Bajaur, um dos sete distritos da zona tribal semi-autônoma paquistanesa na fronteira com o Afeganistão, foi palco em janeiro de um ataque contra a suposta presença no local do número dois da Al Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri.

No sábado, milhares de pessoas se reuniram no distrito durante uma manifestação pública para proclamar apoio ao chefe da Al Qaeda, Osama Bin Laden, e ao líder dos talibãs, o mulá Mohamed Omar. Os manifestantes também proclamaram sua vontade de continuar a guerra santa (Jihad) para estabelecer a lei islâmica.

Desde outubro de 2003, o exército paquistanês vem efetuando na zona tribal inúmeras operações contra os talibãs, que se refugiaram no local depois da queda do regime fundamentalista no Afeganistão no fim de 2001, seus aliados estrangeiros e seus simpatizantes locais.

Segundo as autoridades paquistanesas, cerca de mil militantes islâmicos e mais ou menos 600 soldados paquistaneses morreram durante as operações, que se concentraram sobretudo nos distritos sul e norte do Waziristão.