Política Titulo
Miriam reunirá dados estratégicos para Lula
Vinícius Casagrande
Do Diário do Grande ABC
11/01/2003 | 19:46
Compartilhar notícia


A ex-secretária de Inclusão Social e Habitação de Santo André Miriam Belchior terá uma posição de destaque no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Miriam foi nomeada na última semana assessora especial da Presidência para trabalhar diretamente com o presidente.

Sua sala fica a poucos metros do gabinete presidencial, no Palácio do Planalto. E sua atuação terá como foco principal criar fluxos de todas as informações do governo para serem transmitidas ao presidente.

Em entrevista ao Diário, Miriam ressalta a necessidade de o Grande ABC retomar a articulação regional iniciada pelo prefeito de Santo André Celso Daniel (PT).

DIÁRIO – Qual será o papel da sra. como assessora especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
MIRIAM – A solicitação inicial é ajudar a construir, no âmbito da Presidência, os fluxos de informação, decisão e controle geral do governo que o presidente precisa. Esse é o desenho inicial, mas não sei direito ainda como serão os desdobramentos futuros. Dada a experiência que tenho de governo eles acharam válido me utilizar para ajudá-los nesse papel de construir esses fluxos no interior da Presidência da República. Trabalhamos para que não seja uma colcha de retalhos, para que não aconteça que cada ministro faça as coisas da sua cabeça sem uma coordenação maior de governo. Na verdade, é pensar na forma de funcionamento geral de governo para que o presidente tenha mais condição de acompanhar o que cada ministério está fazendo.

DIÁRIO – Na transição, qual foi exatamente o trabalho da sra.?
MIRIAM – A transição tinha a função fundamental inicialmente de diagnóstico da situação dos ministérios e das áreas. Nesta área, fiquei responsável em verificar que mudanças de estruturas que vamos fazer, o que culminou na criação do Ministério das Cidades e das várias secretarias, e levantar informações a respeito da situação de funcionalismo.

DIÁRIO – Que tipo de experiências de Santo André podem ser levadas para o governo federal?
MIRIAM – Acho que, em primeiro lugar, o convite a mim é o reconhecimento do trabalho que fizemos aqui em Santo André. Desse ponto de vista, estou muito satisfeita. O programa de governo já reflete a experiência que nós temos nos nossos governos municipais e estaduais. Da minha experiência de modernização, levo essa preocupação de olhar o funcionamento interno da máquina pública e, portanto, como construir mecanismos que permitam gerir melhor e mais barato. Os recursos são escassos e é um desperdício cada um lidar com um determinado tema de forma dispersa.

DIÁRIO – Entre os nomeados para o governo, há pelo menos três representantes da região: a sra., Gilberto Carvalho, como secretário de Lula, e Jorge Hereda, como secretário nacional de Habitação. No governo do ex-presidente Fernando Henrique não tínhamos nomes importantes da região. Isso é uma mostra que se dá uma importância maior para o Grande ABC no governo Lula?
MIRIAM – O PT nasceu aqui e é natural que se aproveitem quadros de uma região onde o PT nasceu e, certamente, vamos ter muitas outras pessoas do ABC. Talvez em um nível não tão alto, mas outras pessoas do Grande ABC também se incorporarão ao governo. Agora, o Lula saiu do Grande ABC. Ele vai governar para o país, mas acho que vai ter um olhar especial para o ABC. Mas acredito que o ABC precisa fazer jus para isso. Acredito que um trabalho que começou com a estruturação da Câmara Regional e que precisa continuar e ganhar corpo.

DIÁRIO – O prefeito Celso Daniel seria o principal representante do Grande ABC. Qual seria o papel do Celso e que falta ele faz?
MIRIAM – Ele faz muita falta. A primeira coisa é que ele tinha que estar lá. Ele ia ser ministro e uma pessoa central no governo Lula. Seria uma pessoa de muita influência e muito importante do presidente. É uma perda para o país, porque era uma pessoa absolutamente especial. Ele não estaria aqui no ABC, porque certamente seria ministro. Nesse ponto de vista, seria um interlocutor privilegiado do ABC em Brasília. Tem uma coisa que ele deixou que foi a importância dessa articulação regional e acho que ela tem de ser retomada, porque acho que está debilitada. Se a gente não souber o que quer e se não apontar e construir um futuro para o ABC, ninguém vai fazer isso por nós.

DIÁRIO – A sra. disse que com certeza o Celso seria ministro. Existe uma tendência sobre qual ministério ele poderia ter assumido?
MIRIAM – O que se especulou foi que ele pudesse ser ministro do Planejamento. Mas isso foi um ano antes. Acho que é inclusive inútil se especular sobre isso. O que tenho convicção é que certamente ele seria uma pessoa central no apoio do presidente, independentemente da função que fosse cumprir. Certamente estaria muito próximo do presidente para ajudá-lo a conduzir o governo.

DIÁRIO – Quais são as perspectivas para o governo?
MIRIAM – Eu sou sempre muito preocupada. Estava muito ansiosa, porque sei que é uma experiência nova para todo mundo. Estava muito ansiosa, desde a transição, mas eu tenho só me tranqüilizado. Nos momentos que tive com o presidente eu o senti muito firme, fiquei muito tranqüila em relação a questões que poderiam ser delicadas. Acho que ele está no ponto e ao mesmo tempo exigente com a sua equipe para que coloque o programa de governo em funcionamento. Estou achando que pode dar muito certo mesmo.

DIÁRIO – A sra. saiu de uma transição e já entra em outra. Como será a mudança na Secretaria de Inclusão Social de Santo André?
MIRIAM – Acho que de uma maneira tranqüila. O prefeito compreendeu a importância da ida para Brasília, como os demais componentes do governo, como uma leitura da obra e reconhecimento do trabalho em Santo André. Eu estive durante esse tempo monitorando a ação da Secretaria, porque não sabia se eu iria ou não ficar em Brasília. A partir de agora, o prefeito define quem me sucede para a Secretaria e aí então a gente faz um processo de transição e a pessoa assume com todo o meu apoio.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;