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Mãe denuncia creche particular de Ribeirão Pires por agredir e trancar filho autista em sala

Família registrou boletim de ocorrência na quarta-feira (8); escola nega todas as acusações e Conselho Tutelar investiga o caso

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
09/02/2023 | 17:11
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Arquivo pessoal

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Uma mãe registrou na última quarta-feira (8), no 1° DP (Distrito Policial) de Ribeirão Pires, um boletim de ocorrência alegando que o filho autista de quatro anos foi vítima de maus-tratos dentro da creche privada Baby Universe, localizada na Vila Albertina. 

Segundo Jéssica Aparecida Pereira Santana, 32, no ano passado o menino chegou em casa com hematomas pelo corpo. Em uma das ocasiões, o pequeno Fabrício Pereira Silva, diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro autista), estava com os dedos da mão roxos - ela acredita que a mão da criança tenha ficado presa na porta e questionou a escola sobre o caso, que afirmou, na época, que a criança havia dormido em cima do braço e por isso a mãe havia ficado com hematomas. 

Em outro dia, ao chegar da escola, a mãe identificou que o filho estava com um vermelhidão nas costas e com uma marca de mão no ombro. Jéssica perguntou para creche o que havia ocorrido e, segundo ela, a justificativa foi que a criança havia se jogado no chão.  

Além dos episódios relatados, a mãe alega ainda que a criança ficou presa por cerca de 15 minutos sozinha em uma sala de aula. Por conta disso, o menino acabou fazendo xixi na roupa. "Estava acompanhando a cena pela câmera de segurança da escola, ele tentava abrir a porta e não conseguia. Vi que ele estava com a perna cruzada, parecia que queria fazer xixi, mas ninguém apareceu. Sai imediatamente do trabalho e fui buscar ele. Liguei para escola e me falaram que a porta estava aberta, porém, ele estava sozinho e não conseguiu sair", conta a mãe. 

Neste ano, o menino começou a se recusar a ir para creche. No dia 27 de janeiro, após chegar da escola, a mãe contou que o menino disse "dodói, professora bateu". Após o relato, Jéssica pediu transferência para outra escola e formalizou uma denúncia de maus-tratos no Conselho Tutelar. 

Em nota, a escola afirma que a denúncia de maus-tratos é inverídica. "No tocante ao relato de que a criança portadora do TEA foi mantida sozinha em sala, bem como que a professora teria o agredido, é totalmente inverídico. Estamos reunindo todas as provas que serão devidamente disponibilizadas às autoridades competentes. Esclarecemos que os fatos não são verdadeiros e serão comprovados na Justiça."

PROFESSOR AUXILIAR 

Jéssica denuncia ainda a escola por falta de professor auxiliar. Segundo ela, após apresentar o diagnóstico de TEA a instituição, algumas funcionárias chegaram a acompanhar o menino, mas por curto período de tempo. 

"Desde que entreguei o diagnóstico, a escola passou a me cobrar o relatório de atividades terapêuticas do Fabrício. Porém, esse relatório leva um tempo para ser elaborado e necessita de um número de frequência mínima nas consultas. Esse acompanhamento multidisciplinar demorou para ser iniciado por conta da demora do SUS, depois fizemos uma plano de saúde para ele para tentar agilizar, mas tinha o período de carência ainda. Ele começou a fazer terapia  em abril do ano passado e, em setembro, entreguei o relatório na escola", afirma a mãe. 

A creche particular, por meio da sua advogada Luciana Miranda, afirma que a instituição acionou o Conselho Tutelar contra a mãe devido à ausência da apresentação do relatório. "Desde o ano passado a direção estava solicitando a apresentação dos relatórios. Como a mãe nunca apresentava e queria aumentar a carga horária do aluno, questionamos se não iria atrapalhar as terapias dele", falou a advogada. 

Na nota de esclarecimento, a escola pontua que a proposta educacional é voltada para uma educação inclusiva, "pensando em salvaguardar o direito à educação e à saúde de nossos alunos, é que solicitamos aos responsáveis, quando necessário, a apresentação de laudo e/ou relatório médico de equipe multiprofissional na forma do disposto em lei". 

O Conselho Tutelar de Ribeirão Pires informou que acompanha o caso de perto e que ainda não concluiu as apurações. “O caso ainda está sob investigação e tratado em sigilo para que não haja vazamentos e, ao mesmo tempo, julgamentos precipitados”, finalizou o órgão.




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