Reintimado a depor na Polícia Civil, o ex-superintendente do Semasa Ângelo Pavin (PMDB) apresentou ontem parte de gravação, que, segundo ele, em sua íntegra provará que integrantes do governo Aidan Ravin (PTB) fizeram lobby para adulterar documentos internos da autarquia. O peemedebista sustentou que o vídeo e o áudio serão entregues no máximo em dez dias na delegacia. "O interesse era não pegar o prefeito, mas não compactuei com o pedido e não alterei."

As modificações a que Pavin se refere estão relacionadas ao processo administrativo de pagamentos a fornecedores que prestaram serviços ao Semasa. Auditoria, aberta pelo então diretor financeiro Nelson de Freitas, contém um comunicado, no qual o diretor avisa aos superiores que o advogado Calixto Antônio Júnior, que não era funcionário, iria atuar na autarquia para realizar a análise do processo por determinação de Aidan. O chefe do Executivo nega.

Pavin declarou que o vídeo inteiro possui aproximadamente 50 minutos. O conteúdo se passa num contexto posterior, segundo o ex-chefe do Semasa, às oitivas de Freitas na CPI e na polícia. "A gravação mostrará que (o Calixto) conhece todo mundo, diferentemente do que tem relatado alguns da administração. Além disso, deixará claro que a ordem veio do prefeito", disse, ao citar que, agora, irá "às últimas consequências pela verdade".

Depois de sua saída do Semasa, há 18 dias, o peemedebista diz que tem recebido documentos de irregularidades praticadas pelo Paço. Ao mencionar a possível gravidade do vídeo, Pavin considerou que não seria irresponsável de levar à polícia qualquer prova que não fosse significativa. "Senão responderei por falso testemunho. Estou acolhendo documentos com prazer, sendo o porta-voz e farei contra-ataque ao prefeito com provas por suas inverdades."

O ex-superintendente adiantou que, junto ao complemento da gravação, entregará à delegacia documento que atesta licitação irregular da Prefeitura. Pavin assegurou que a prova está relacionada à construção na área da Educação, feita por empresa sem condições de realizar o serviço. "Já tenho parte em mãos e falta outra. Quando eu receber a segunda parte apresentarei."

Para o delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside o inquérito criminal, caso a gravação esteja inserida às declarações de Pavin, a situação ficará comprometedora. "Mandei apreender o vídeo e enviarei à perícia por conta da fé pública. Depois disso, se traduzir em materialidade, é uma prova robusta."

A aprovação de nova CPI do Semasa irá nortear hoje o clima na Câmara. Enquanto a oposição buscará dar início à nomeação dos integrantes da comissão, a base de sustentação tenta anular a sessão. "Se (a CPI) passar, é oportunidade para impeachment (de Aidan), pois existem coisas erradas na Prefeitura", disse Pavin.

A Prefeitura não se manifestou sobre o assunto - o depoimento se encerrou por volta das 20h.