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Exportaçoes gera três mil empregos em Franca
Do Diário do Grande ABC
14/06/2000 | 16:48
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As exportaçoes de calçados em Franca continuam a traçar a rota de crescimento, iniciada desde a desvalorizaçao do Real. Segundo levantamento feito pelo Sindicato das Indústrias Calçadistas de Franca sobre as negociaçoes feitas pelas empresas locais até o mês de abril, houve um crescimento de 55,62% nos primeiros quatro meses deste ano, em relaçao ao mesmo período do ano passado.

O índice de crescimento repete o mesmo registrado nos dois meses anteriores. Entre janeiro e abril deste ano, segundo o sindicato, Franca exportou 1,79 milhao de pares, contra 1,15 milhao nos primeiros quatro meses de 99. Somente no mês de abril, o crescimento registrado foi de 52,86% sobre abril do ano passado. Em abril deste ano foram exportados 403,3 mil pares, contra 263,8 mil pares em abril de 99. O levantamento é feito mensalmente pelo sindicato e é divulgado com uma defasagem de aproximadamente 40 dias após o fechamento do mês.

O crescimento nas exportaçoes de calçados de Franca, no entanto, nao foi acompanhado pelo mesmo índice de crescimento no valor faturado pelas empresas com as vendas lá fora. A desvalorizaçao do Real permitiu que as fabricantes nacionais reduzissem o preço do calçado exportado para torná-lo mais competitivo lá fora e pudesse elevar o volume exportado.

A queda no preço médio foi de 13,63%, com o valor passando de US$ 18,35 em abril do ano passado para US$ 15,85 em abril deste ano. Ainda assim, a receita nos primeiros quatro meses deste ano foi 34,42% maior que no mesmo período no ano passado. Com o total exportado entre janeiro e abril deste ano, as empresas de Franca faturaram US$ 28,5 milhoes, contra US$ 21,2 milhoes nos primeiros quatro meses de 99.

Empregos - A retomada das exportaçoes em Franca já gerou cerca de três mil empregos diretos na cidade, sendo pelo menos 1,6 mil somente desde janeiro deste ano, informou o Sindicato das Indústrias de Calçados. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias, no entanto, estima que esse número pode ser ainda maior, se consideradas as vagas geradas sem registro na carteira de trabalho.

A estimativa do sindicato é de que as cerca de duas mil bancas de pespontos de couro e pequenas fábricas de calçados, têm hoje três mil trabalhadores, sendo a metade sem registro e pelo menos 750 empregados este ano. O Sindicato dos Trabalhadores informou que costuma denunciar esse tipo de contrataçao sem registro ao Ministério do Trabalho, mas o controle sobre as bancas é difícil já que a maioria está instalada em fundos de quintal. O contrato sem carteira é feito pelas pequenas indústrias para economizar com a folha de pagamento. Sem os tributos oriundos do registro, uma empresa chega a gastar até 50% menos com a folha de pagamento.

As vagas criadas com a retomada das exportaçoes e o aumento na receita nas empresas, no entanto, estao sendo ameaçadas nos últimos três meses pelo aumento no preço do couro, que chegou a dobrar desde janeiro. O alerta foi feito pelo presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca, Elcio Jacometti, que prevê uma "crise no setor" para ainda este ano, se o preço continuar a aumentar. Segundo ele, as empresas locais estao atrasando o fechamento de novos contratos de exportaçao porque temem nao receber a matéria-prima, ou recebê-la por um valor tao elevado que o preço pago pelo sapato no mercado internacional nao compense o custo de produçao. "Isso pode retrair todos os avanços que já obtivemos na reconquista do nosso espaço no mercado internacional", disse.

O aumento do couro foi estimulado pela falta do produto no mercado. Essa falta foi provocada nao só pelo aumento na deman da nas indústrias, que passaram a exportar mais, como também pelo interesse do mercado internacional pelo couro brasileiro. "O país exportou pelo menos 30% a mais de couro no estágio wet blue este ano, em comparaçao ao ano passado", explicou Wayner Machado, vice-presidente do Centro das Indústrias de Couro do Brasil. Esse tipo de couro sai do país sem taxaçao e até pouco tempo atrás era considerado um produto de segunda categoria. As empresas agora brigam pela taxaçao do produto para a exportaçao. "O Brasil é o único país que deixa essa matéria-prima sair sem taxaçao, ao invés de agregar maior valor a ela na indústria local".




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