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Patrícia França: a atriz-curinga de Walcyr Carrasco
André Bernardo
Da TV Press
29/03/2004 | 21:29
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  A atriz Patrícia França já pode se considerar uma espécie de curinga de Walcyr Carrasco. Tal e qual a carta do baralho que, em certos jogos, muda de valor de acordo com a combinação que o jogador tem em mãos, a atriz está sempre disposta a mostrar versatilidade nas novelas do autor. Foi assim em A Padroeira, quando interpretou a sonsa Blanca de Sevilha, a primeira antagonista de sua carreira. Em Chocolate com Pimenta, a história se repete. Ela acaba de ingressar na novela das seis da Globo como a advogada Sofia Menezes, peça fundamental no plano de Jezebel para destruir Ana Francisca, personagens de Elizabeth Savalla e Mariana Ximenes, respectivamente. “Entrar no meio de uma novela é sempre complicado. Mas, por ser um texto do Walcyr, já achei bacana”, diz Patrícia.

Como geralmente acontece quando um ator entra no meio de uma trama, Patrícia França sabe pouco ou quase nada da personagem. Ela relata apenas que Sofia chegou a Ventura sem desconfiar que estava prestes a tomar parte de mais uma das mirabolantes farsas de Jezebel.

A vilã-mor de Chocolate com Pimenta falsificou o testamento no qual Ludovico, interpretado por Ary Fontoura, supostamente deixava a fábrica de chocolate para ela. Ludibriada por sua cliente, Sofia acabou atestando que o documento era verdadeiro. “Ainda é cedo para falar disso, mas gostaria que a Sofia estivesse do lado da Justiça. Queria muito que ela fosse do bem”, diz a atriz, ainda em dúvida sobre o caráter da personagem.

Nos próximos capítulos, Sofia começa a desconfiar do golpe que sofreu e tenta reparar o erro cometido. Até o final da novela, presume a atriz, a advogada deve passar para o lado de Ana Francisca. Enquanto isso não acontece, ela continua esnobando o pérfido Sebástian, vivido por Tarcísio Filho, um dos mais fortes aliados de Jezebel.

Aos 33 anos, Patrícia França ainda mantém o mesmo ar brejeiro de quando tinha 18. Foi justamente nessa idade que essa bela pernambucana de olhos expressivos e cabelos negros estreou na TV, como a protagonista da minissérie Tereza Batista, adaptação de Vicente Sesso para o romance de Jorge Amado.

O tipo mignon da atriz só fez associá-la ao perfil da mocinha sofredora, como a Maria Santa de Renascer, a Cláudia de Sonho Meu e a Clarice de Suave Veneno. “De modo geral, não tenho do que reclamar. Tenho tido a sorte de ganhar bons personagens. Posso dizer que o conjunto da obra está bacana”, acredita.

Depois de um início promissor em Tereza Batista, Patrícia França não demorou muito para fazer sua primeira novela: Sonho Meu, de Lauro César Muniz. Até então, ela só havia feito a minissérie e uma participação em Renascer, de Benedito Ruy Barbosa.

Na época de Sonho Meu, a Globo chegou a escalar o veterano Cláudio Cavalcante para desempenhar a função de coach de Patrícia França. Em outras palavras: ele ficou responsável por passar o texto com a atriz e em auxiliá-la no que fosse possível. “No início, fazer novela me maltratava muito. Eu entrava numa cena aos prantos e, pouco depois, já estava às gargalhadas em outra. Era barra-pesada!”, afirma.

Coincidência ou não, Patrícia França tornou-se bissexta na TV. Ao contrário de alguns colegas, que vivem emendando uma novela na outra, ela geralmente só volta à ativa depois de um longo intervalo. “Por mim, não seria tão bissexta assim. Mas, por um lado, até que é bom. As pessoas ficam logo com saudades de mim”, diz.

Mas não é só na TV que Patrícia França aparece de quando em quando. Se não está no ar, ela raramente marca presença em eventos, noitadas e badalações. “No começo, era timidez mesmo. Mas depois virou preguiça. Sou do tipo que adora ficar em casa”, afirma, refestelada na rede de sua casa no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.

Assim que teve a chance de conversar com Walcyr Carrasco, Patrícia França logo fez uma recomendação ao autor: “Por favor, não me mate, ouviu? Não agüento mais morrer”, diz, bem-humorada. Até hoje, a atriz lamenta a sua saída prematura de Suave Veneno. Na época, ela não ficou satisfeita ao saber que Clarice teria de morrer para o autor dar uma guinada na trama.

Não era a primeira vez que Patrícia batia as botas na ficção. A participação da atriz em Renascer, por exemplo, seria de apenas quatro capítulos. Mas a Maria Santa fez tanto sucesso que voltou a aparecer mesmo depois de morta, nas visões do coronel José Inocêncio, de Antônio Fagundes.

A única vez que Patrícia França aprovou a morte de uma personagem foi em Orfeu, de Cacá Diegues. “Ah, morrer no cinema é sempre lindo, chique”, justifica ela, que interpretava Eurídice, jovem de origem humilde que se apaixonava pelo personagem-título, vivido pelo cantor Toni Garrido.

Na TV, ela só gostaria de voltar a morrer se fosse uma morte glamourosa, comentada. Uma morte à Odete Roithman, exemplifica, numa alusão à personagem de Beatriz Segall em Vale Tudo, de Gilberto Braga. “Aquela morte, sim, foi impactante. Se fosse outra, não teria tanta repercussão”, brinca.




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