Setecidades Titulo
Sindicalista é assassinado em Mauá
Glauco Araújo e Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
12/12/2003 | 22:58
Compartilhar notícia


O secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Valdeci Fernandes da Silva, 47 anos, o Véinho, foi morto quando saía de casa, na rua Américo Tornero, no Jardim Kennedy, em Mauá, às 4h40 desta sexta. Ele e sua mulher, Aldenisa Moreira de Araújo, 31, também diretora da entidade, seguiriam para o prédio da empresa TRW, na cidade, onde participariam de uma assembléia sindical com os funcionários da unidade. Silva foi atingido por um tiro de revólver calibre 38 no peito e morreu assim que chegou ao Hospital Nardini. Dirigentes sindicais falam em crime político.

Silva manobrava o Astra vermelho para sair da garagem, quando foi surpreendido por dois homens a pé. A polícia ainda não sabe por qual rua eles vieram. Quatro tiros foram disparados. Dois deles atingiram o veículo da vítima e o outro, o braço esquerdo do vigilante Arlindo Sérgio Mendes, 20 anos. O rapaz está internado no Hospital Nardini, sob escolta policial.

Aldenisa estava perto da cena do crime. Ela também se preparava para ir à assembléia e dirigia um Fiesta. Em choque, a mulher do sindicalista só será ouvida na delegacia na próxima semana.

O motivo do crime ainda é desconhecido. A diretoria do sindicato acredita que a morte de Silva tenha sido uma execução política, mas não apresentou indícios para justificar essa possibilidade. A Polícia Civil de Mauá não descarta a hipótese, mas, em contrapartida, já tem provas testemunhais de que os dois homens, responsáveis pelo crime, teriam tentado, na verdade, roubar o sindicalista.

O próprio horário do crime intriga a polícia. Segundo o delegado titular de Mauá, Américo dos Santos Neto, nenhum assalto foi praticado nesse horário no último mês. “É estranho um roubo a essa hora. Não é comum. Sabemos que o local é ponto de passagem de um bairro a outro, mas não temos suspeito para o crime.” O casal tinha o hábito de sair de casa por volta das 10h, mas mudou a rotina na manhã do crime por conta do compromisso sindical na TRW.

O delegado não descarta qualquer hipótese de investigação. “É muito cedo para dizermos que se trata de uma atentado político ou verdadeiramente uma tentativa de assalto. Vamos trabalhar sete dias por semana para esclarecer o caso”, disse Santos Neto. Em um depoimento preliminar, Aldenisa disse ter ouvido o som de um carro em alta velocidade depois dos disparos.

O diretor administrativo do sindicato, Adonis Bernardes, 48 anos, disse que a diretoria da entidade está assustada com o crime. “Véinho não tinha inimigos e nem atritos pessoais. A nossa ação sindical é, por natureza, conflituosa. Em decorrência desse crime, temos receio de que outros diretores do sindicato sofram ataques desse tipo.”

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirmou que vai pedir que o Ministério Público acompanhe a investigação e lamentou a morte do colega. “Que eu saiba, o Véinho não tinha inimigos no meio sindical, é uma coisa triste. Eu tenho quase certeza de que não é crime comum. Precisa ser investigado a fundo”, disse.

O irmão de Silva, Valdeir Fernandes da Silva, 43 anos, o Mineirinho, disse ter pedido ao irmão para deixar o sindicalismo em novembro. “Foi a última vez que o vi. Até parecia uma despedida. Disse para ele abandonar o sindicalismo, mas ele me disse que não dava para ceder.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;