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Líbano começa semana decisiva para crise presidencial
Da AFP
18/11/2007 | 15:14
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Com o fim do mandato do presidente Emile Lahoud, começa no Líbano uma semana decisiva, mas líderes políticos ainda não chegaram a um acordo sobre quem será seu sucessor apesar das fortes pressões internacionais.

Enquanto observadores internacionais convergem para Beirute antes da votação no Parlamento, marcada para quarta-feira, muitos temem que a coalizão majoritária pró-Ocidente e a oposição apoiada pela Síria não consigam escolher um novo presidente até o dia 23 de novembro, estabelecido como prazo final para a decisão, condenando o país ao caos.

Há também a preocupação de que a disputa possa levar a dois governos rivais, como ocorreu nos últimos anos da violenta guerra civil (1975-1990) que assolou o país, quando duas administrações competiram - e batalharam - pelo poder.

"Precisamos de um milagre, porque os líderes políticos estão tão distantes uns dos outros que é difícil imaginar que chegariam a um acordo sobre qualquer coisa", lamentou Ousama Safa, do Centro Libanês para Estudos Políticos.

"Mas mesmo que elejam um novo presidente, a paralisia irá continuar, porque ainda restará a questão da montagem do novo governo", afirmou.

A crise já forçou o adiamento da sessão parlamentar que escolheria o sucessor de Lahoud (pró-Síria) por três vezes, e há quem acredite que o mesmo acontecerá nesta votação, marcada para o dia 21 de novembro.

O nó cego criado pelas tensões políticas no país levou estadistas internacionais - incluindo o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon e os ministros do Exterior da França e da Itália - a embarcar para o Líbano nas últimas semanas para tentar negociar com os principais líderes políticos.

O maronita Nasrallah Sfeir, que lidera a maior comunidade cristã do Líbano, da qual sairá o nome do novo presidente, deu um novo impulso às buscas por uma solução para o impasse na sexta-feira, quando apresentou uma lista de candidatos.

O embaixador francês Andre Parant, cujo país lidera os esforços internacionais para solucionar a crise libanesa, disse que o religioso Sfeir enviou a lista ao líder da maioria parlamentar Saad Hariri e ao líder oposicionista Nabih Berri na sexta-feira.

Hariri e Berri se encontraram para discutir a lista de candidatos neste sábado. "A atmosfera era positiva e aumenta as chances de alcançar um consenso", segundo comunicado divulgado pelo gabinete de Hariri.

O primeiro-ministro do Líbano, Ali Hassan Khalil, pertencente ao mesmo movimento de Hariri, disse que os dois líderes continuariam a trabalhar juntos para encontrar um candidato consensual. "Berri está comprometido com a busca por um acordo", afirmou.

Jornais de Beirute afirmam que figuras das duas principais correntes políticas e tecnocratas independentes estão entre os indicados por Sfeir. O analista Safa explicou que o Líbano continuará a sofrer com a instabilidade política devido a tensões regionais, que devem continuar em 2008. "Um tecnocrata poderia ser eleito porque não assustaria nem ameaçaria ninguém", disse o especialista.

"Seria um presidente para o gerenciamento da crise", concluiu. Para ser eleito no primeiro turno, o candidato à presidência precisa alcançar uma maioria de dois terços dos votos. Caso um segundo turno seja necessário, basta a maioria absoluta.

A crise política do Líbano começou em 2005, quando o ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri, pai de Saad Hariri, foi morto em um atentado. Desde então, grupos pró e anti Síria protagonizam uma violenta luta pelo poder. O assassinato de Hariri gerou protestos dentro e fora do país, forçando a Síria a encerrar a ocupação militar que mantinha há 29 anos dentro das fronteiras libanesas.




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