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Escolas de Diadema oferecem aulas de cultura afro-brasileira e indígena

Programa Dandara e Piatã busca reparar dívida histórica e conteúdos superficiais, diz secretária

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
23/10/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Fugir da superficialidade do currículo escolar, descolonizar narrativas e fortalecer identidades negras e indígenas. Esses são alguns dos objetivos do programa Diadema de Dandara e Piatã, recém-implantado na educação básica de Diadema.

Desde o início de outubro que as 61 escolas municipais estão recebendo semanalmente aulas de cultura afro-brasileira e indígena, com professores especializados na temática. A ação da Secretaria de Educação efetiva a lei federal 10639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena na educação básica.

A novidade na grade currilar tem animado os alunos do ensino fundamental 1. Curiosos e atentos, os pequenos estudantes começaram a aprender sobre instrumentos musiciais de origem africana, estudos sobre as diferentes formas de racismo, histórias e contos sobre a cultura indígena, entre outros assuntos. 

O reconhecimento, afirmação e valorização da identidade negra e ou indígena destacam-se entre os alunos. “Foi muito legal ver meus colegas aprendendo um pouco mais sobre os instrumentos musicais que já conhecia. Faço capoeira desde pequeno, mas não sabia da sua origem e nem da sua história. Pensei que fosse apenas um esporte”, contou animado Miguel Antônio <CW-22>Zaias Souza, 10 anos, que estuda na Emeb (Escola de Educação Básica) Doutor José Martins da Silva, localizada no bairro Eldorado. 

Professor de relações étnico-raciais na unidade, Damasio Rodrigues Simão Reis Jorge, 35, ressalta a importância de trabalhar a temática de forma contínua. “Descontruir a história única, contada a partir da visão do homem branco e colonizador, permite a transformação de realidades”, destacou o docente, que durante aulas utiliza objetos e músicas específicas de autores negros.

MÓDULOS 

Como parte do programa, todas as unidades de ensino irão receber um baú contendo itens relacionados à cultura africana e indígena. As atividades são o africano Mancala Awelé e o indígena Jogo da Onça. Por meio deles, será possível trabalhar conteúdos de forma lúdica e interdisciplinar, que possibilitará o desenvolvimento do raciocínio lógico, explicou a secretária municipal de Diadema, Ana Lúcia Sanches.

“A primeira parte das aulas é focada na parte histórica e também na afirmação da identidade dos alunos, é o espaço para as crianças se reconhecerem na diferença. Na sequência serão utilizados os jogos para o desenvolvimento pedagógico. O grande diferencial do programa é trabalhar de maneira regular a temática, além de oferecer professores especializados”, pontou a gestora, que revelou ainda que além da educação básica, os jogos também serão inseridos na grade curricular do EJA (Educação de Jovens e Adultos), porém neste caso os temas serão desenvolvidos de forma integrada às aulas já existentes. 

Cidades afirmam que trabalham com a temática na rede pública

Todas as cidades do Grande ABC afirmam que trabalham a cultura afro-brasileira e indígena na rede municipal, atendendo assim as 10.639/03 e 11.645/08, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino na rede básica de ensino.

São Bernardo destacou que realiza abordagem sobre o tema de maneira lúdica, através de histórias e brincadeiras. Além dos conteúdos ofertados no Ensino Fundamental também compõem a grade curricular dos estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos). “A Secretaria da Educação promove ações permanentes de formação para subsidiar os professores em relação aos temas durante todo o ano”, ressaltou a prefeitura. 

A rede municipal de Santo André trabalha com a temática de “forma mais ampla e aprofundada, organizada desde à concepção de educação, perpassando por princípios e diretrizes que norteiam a ação pedagógica”, disse o Paço, por meio de nota. Nas salas de aula são trabalhados o desencadeamento de processo de afirmação de identidades, de historicidade negada ou distorcida, rompimento com imagens negativas forjadas por diferentes meios de comunicação e materiais didáticos, contra povos negros e indígenas, valorização da oralidade, da corporeidade e da arte enquanto marca de culturas de raízes africanas e indígenas ao lado da escrita e leitura, entre outros conteúdos. 




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