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Proteção das mulheres ganha reforço com uso de Whatsapp

Sto.André e Ribeirão Pires oferecem serviço social on-line no enfrentamento da violência

Lorena S Ávila
Do Diário do Grande ABC
30/08/2022 | 08:38
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Claudinei Plaza/DGABC


Os municípios de Santo André e Ribeirão Pires disponibilizam às mulheres um canal direto de apoio via WhatsApp. A iniciativa, implementada durante a pandemia de Covid-19, visa ampliar o acesso e conectar mais rapidamente vítimas de violência aos dispositivos públicos que as auxiliam em caso de necessidade. A partir de uma assistência prévia, elas são encaminhadas para o setor adequado ou para as autoridades.

Durante o período de isolamento social, houve um aumento na violência doméstica. De acordo com um levantamento nacional feito pelo Fórum de Segurança Pública, em 2021, o 190 recebeu ao menos uma ligação por minuto de vítimas em situação de risco em decorrência de ataques dentro do lar.

Em Santo André, o número de WhatsApp do programa Vem Maria, que promove acolhimento, acompanhamento social e suporte psicológico a mulheres vítimas de violência há 24 anos, já prestou cerca de 2.253 atendimentos entre julho de 2020, quando foi implementado, e junho de 2022. Ainda assim, comparando o primeiro semestre de 2021, quando registrou 595 atendimentos, com 2022, com anotações de 435 atendimentos, houve queda de 26,89% na procura pelo serviço.

Especialistas que trabalham com o sistema acreditam que esse número pouco expressivo pode estar atrelado ao fato de que muitas mulheres em relacionamento abusivo são constantemente monitoradas pelos parceiros.

Ainda assim, para a psicóloga Solange Fernandes Ferreira, atual encarregada do Vem Maria, o canal representa um avanço que veio para ficar.

“O atendimento acaba sendo mais ágil e preciso. O interessante é que os contatos mediados por meios eletrônicos também podem ser muito efetivos, vinculativos, gerando a confiança necessária neste tipo de suporte às mulheres”, explica Solange.

A iniciativa teve como inspiração projetos nacionais que buscam facilitar o procedimento a ser seguido pelas vítimas, que quase sempre precisam de um meio mais discreto, como a Maria da Penha virtual, disponível no Rio de Janeiro.

“Fomos atrás de conhecer esse trabalho e falar com o idealizador, pois é preciso ter conhecimento e boas práticas no enfrentamento da violência.” Além disso, o serviço segue as recomendações da ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres e conta com uma equipe especializada composta por assistentes-sociais e psicólogas.

Na região, outro município que disponibiliza esse contato via WhatsApp para as mulheres é Ribeirão Pires, por meio da Coordenadoria de Mulheres. O mecanismo é similar ao de Santo André e tem a mesma finalidade, porém, oferece atendimento 24 horas em esquema de plantão, enquanto o andreense funciona das 8h às 18h e se coloca à disposição para atender emergências fora do horário comercial.

“Analisando nossos dados internamente, identificamos que houve um aumento na busca pelo atendimento e eu atribuo boa parte disso a rede de apoio e informação que criamos no WhatsApp”, conta Leonardo Biazzi, secretário de Assistência, Participação e Inclusão Social de Ribeirão.

Devem solicitar ajuda pelo dispositivo mulheres cis e LGBTQIA+ que sofrem violência independentemente do espectro, seja ela doméstica, sexual, moral, institucional ou digital. A orientação das secretarias é procurar as autoridades em casos urgentes por meio do 190, com a Polícia Militar, do 153, com a Guarda Civil Municipal e 180, com a Central de Atendimento à Mulher.

São Caetano, São Bernardo, Mauá e Diadema informaram que disponibilizam outras formas de atendimento às mulheres, mas ainda não adotaram o uso do WhatsApp como recurso no enfrentamento da violência. A Prefeitura de Rio Grande da Serra não se pronunciou até o encerramento desta reportagem. 




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