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Mais que dobra procura por
atendimento em ambulatório trans

Cresce em 162% número de pacientes assistidos em equipamento de saúde de Santo André

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
15/08/2022 | 00:01
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André Henriques/DGABC


Em um ano, mais que dobrou o número de pacientes atendidos no ambulatório trans de Santo André. A unidade de saúde especializada, localizada dentro do CEM (Centro Médico de Especialidades) Xavier de Toledo, na região central da cidade, teve aumento de 162% o percentual de pessoas trans ou travestis assistidas. 

A unidade de saúde atendeu 21 pacientes durante todo o ano passado, enquanto em 2022, até a segunda semana de agosto, o equipamento já recebeu 55 pessoas. O secretário municipal de saúde, José Police Neto, atribui o expressivo aumento da procura de atendimentos a maior visibilidade do equipamento. 

“Durante esse período, o ambulatório passou a ser reconhecido e, o mais importante, respeitado, principalmente pelas pessoas trans que já passaram pela unidade e indicam para outras que precisam de acolhimento em alguma área da saúde”, esclarece o secretário de saúde. 

O gestor pontua ainda que os serviços médicos para pessoas trans ou travestis sempre estiveram disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde), porém a falta de atendimento especializado e humanizado afastava essa parcela da população. “A matriz básica do SUS é a equidade, principalmente com a população mais vulnerável. Quando as pessoas que mais precisam são discriminadas ou mal atendidas nos locais, você afasta ao invés de cuidar. A atenção no atendimento precisa ser redobrada e por isso é importante treinar as equipes para oferecer acolhimento”, ressalta Police Neto.

O ambulatório especializado funciona como espécie de matriz do sistema de saúde do município, ou seja, irá trabalhar com toda rede da cidade para oferecer atendimento dedicado a pessoa trans ou travesti em outras unidades. “A população trans poderá ser referenciada para tratamento de outras necessidades nas demais unidades que compõem a rede municipal de saúde”, explica a gerente Lilian Versuri, em entrevista ao Diário

Criado há dois anos, o ambulatório trans em Santo André oferece atendimento com equipe multidisciplinar composta por assistente social, enfermaria, psiquiatra e psicólogo. No local também é possível realizar tratamento hormonal, além de encaminhamento médico para cirurgia de redesignação sexual, caso seja a vontade do paciente.

Ao contrário do que se imagina, 75% dos usuários atendidos na unidade não buscam por tratamento com hormônios. “Não podemos afirmar que existe um caminho comum para todos. Tem pessoas que chegam em um processo de construção e afirmação da própria identidade, enquanto outras já vêm com isso muito bem definido. Por isso, a importância do acompanhamento social, psicológico e psiquiátrico durante o processo. Essa é a primeira etapa”, conta Almir Francisco Drianez, psicólogo do ambulatório.

MUDANÇA DE VIDA

Apresentada por uma amiga à unidade, a moradora do Sítio dos Vianas, Yngrid Boos, 26 anos, passa no ambulatório desde o começo do ano. Ela buscou a unidade para cuidar da sua saúde mental e hoje, além do acompanhamento com psicólogos, ela também iniciou o tratamento hormonal. 

“Cheguei muito depressiva aqui (na unidade), não estava bem comigo mesma e tive a ajuda e o acolhimento que precisava. Foi a minha salvação na verdade, porque estava completamente perdida e em um lugar que ia começar a fazer mal a mim mesma. Só depois de cuidar da minha saúde mental é que começamos o tratamento com os hormônios. É libertador poder ser a mulher que sempre quis ser”, conta Yngrid, orgulhosa do seu processo.

NA REGIÃO

Desde o ano passado Diadema também oferece o atendimento para população trans e travesti. O Ambulatório DiaTrans disponibiliza tratamento hormonal, acolhimento social, assim como outros especialidades médicas. 

Localizado na Avenida Antônio Piranga, no Centro da cidade, a unidade já atendeu 174 pessoas, sendo 94 pacientes em 2021 e 80 novos usuários neste ano. Ao chegar no local, a pessoa trans ou travesti será direcionada para o Grupo de Entrada, que é o serviço inicial de acolhimento, que funciona das 8h às 16h, de segunda a sexta-feira. 

“O Ambulatório DiaTrans é um serviço de acolhimento e de saúde para a população trans ou travesti, que muitas vezes ainda é marginalizada pela sociedade. O serviço visa garantir o cuidado de forma integral, humana e acolhedora como prega o SUS. A partir da criação do ambulatório foi possível conhecer melhor essa população, dar voz e atender às suas demandas”, afirma a secretária municipal de Saúde, Rejane Calixto.




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