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Mulheres empreendedoras se destacam durante a pandemia

Estudo mostra que aparecimento do novo coronavírus acelerou participação feminina na condução de negócios

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
15/08/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Durante a pandemia de Covid-19, Jennifer Luz, Mel Luz e Maristela Caretta tomaram decisões que mudaram os rumos de suas vidas. As histórias delas se assemelham com as de muitas mulheres que, em 2020, deram o primeiro passo para serem suas próprias chefes e agora, dois anos depois, estão colhendo os frutos do desafio que é empreender. 

O número de empreendedoras subiu 41% entre 2019 e o primeiro ano do surgimento do novo coronavírus, que levou a OMS (Organização Mundial de Saúde) a decretar a crise sanitária global em 11 de março de 2020, contra alta de 22% para homens no Brasil. Essas informações são do LinkedIn, plataforma de empregos, que considerou os dados dos usuários da rede que trocaram o cargo descrito no perfil para “fundador”.

Assim como muitos brasileiros, Jennifer Luz, 49 anos, ficou desempregada em 2020. Sem saber qual rumo seguir, decidiu ouvir a proposta da filha. “Eu e meu marido ficamos sem emprego praticamente na mesma época. Já a Mel costurava desde os 14 anos e vendia ecobags (sacolas ecológicas). Não sabíamos para onde correr até que ela sugeriu uma parceria. Apostei nesse sonho”, conta a empreendedora.

Mel Luz, 20 anos, sempre soube que queria trabalhar com moda. Com o isolamento social, a costura foi a alternativa que encontrou para ajudar nas contas de casa. “Fiz uma ecobag e comercializei por um preço bem simbólico. A pessoa que comprou divulgou e alguns amigos começaram a pedir. Foi com esse dinheiro que consegui comprar mais tecido. Ganhei uma máquina caseira quando a demanda começou a aumentar. Minha mãe teve de me ajudar e, quando ela perdeu o emprego, a ideia de começarmos a trabalhar juntas veio naturalmente”, relembra.

Desde então, investindo em material, especialização e maquinário, elas lançaram a própria coleção de bolsas e inauguraram a Yuna Luz Ateliê, na Vila Linda, em Santo André.

“Empreender é matar um leão por dia, mas o reconhecimento é muito gratificante”, diz Jennifer. “A gente entrou nessa confiando que daria certo. Precisava dar certo”, complementa Mel.

“Os primeiros passos começaram em casa, na pandemia, como uma brincadeira. Fizemos os pães e deixamos nas portarias das casas de alguns amigos. Eles gostaram e começaram a pedir mais”, recorda Maristela Caretta, 33 anos. “Nessa época, meu marido ficou desempregado e pensamos que poderia ser uma alternativa para juntar renda.” Empreendedora de primeira viagem, ela confessa que ficou receosa no início da jornada. “Não tinha feito nada parecido na minha vida. Sempre trabalhei em empresas. Morria de medo de empreender, mas tem sido uma experiência bacana”, comenta.

Nesses dois anos, ela e o marido Magno de Oliveira, 36 anos, mergulharam no empreendedorismo. O processo foi recheado de aprendizados que envolveram desde fermentação e preparo de bebidas até estratégias de negócio. “Quando você empreende, todas as questões administrativas, de compras e contas dependem de você. Tudo precisa ser bem organizado. Você trabalha mais, isso é verdade, mas é muito mais prazeroso.” 

Neste ano, mais seguro e confiante nos rumos do empreendedorismo, o casal decidiu deixar de trabalhar na cozinha da própria casa e investir em um estabelecimento. Há pouco mais de um mês, eles inauguraram a padaria artesanal Homebread, localizada na Praça Presidente Vargas, em Santo André.

CORRER RISCOS

De acordo com Rosiane Moreira, analista de negócios do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o primeiro passo para empreender é identificar as áreas que tem mais afinidade. Depois é importante conhecer bem o mercado que deseja entrar e definir metas.

Inovar e fazer uma boa gestão são tarefas que demandam muito tempo e dedicação. Mulheres, no geral, têm mais sobrecarga de tarefas além de seus negócios. Isso é um desafio que deve ser bem administrado para que poder se dedicar. Ter o apoio da família para conseguir harmonizar o tempo entre a empresa e as tarefas do lar é fundamental”, diz Rosiane.

A analista recomenda que estar na internet é a peça-chave para conquistar influência em ambiente comercial cada vez mais digital. “É necessário investir em marketing de relacionamento para sempre ser lembrado e indicado para novos clientes”, aconselha a analisa do Sebrae-SP.




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